Alcatel Lucent prevê renegociação de contratos no Brasil

Com a disparada do dólar, ainda não deu tempo para os fornecedores de infra-estrutura avaliarem a real dimensão do impacto nos negócios em 2009. A hora é de cautela, diz o presidente da Alcatel Lucent, Jonio Foigel. "Temos poucos, mas grandes, clientes no Brasil, com boa saúde financeira. Não prevemos queda dos negócios no ano que vem", afirma o executivo.
Ao importar equipamentos neste ano, a maioria dos fabricantes fez hedge (operação de proteção cambial) para os negócios já fechados. "Algumas empresas vão conseguir gerenciar seus negócios recebendo o dólar futuro. Em alguns casos haverá renegociação, somos parceiros dos clientes", disse Foigel. O mercado deve chegar a um novo patamar de dólar muito acima do anterior R$ 1,60. "A diferença terá que ser absorvida pela negociação entre o fornecedor e as operadoras sem que nenhuma das partes seja penalizada", afirma.
O executivo lembra que as empresas brasileiras têm experiência em crises dessa natureza: em 2002 o dólar chegou a quase R$ 4. "O grande problema é a instabilidade", diz.

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Em 2009 a empresa vê oportunidades de negócios em redes WiMax, femtocells para potencializar o sinal celular e IPTV. Ele avalia que o setor de telecomunicações continuará crescendo principalmente em projetos de parceria público-privado, como a implantação de banda larga nas escolas. "O ano que vem será pré-eleitoral, o que significa que se o governo tiver fôlego para investir, o setor continuará crescendo nas mesmas bases", afirma.

Resultado insatisfatório

Os resultados financeiros do terceiro trimestre deste ano ficaram aquém do esperado pela Alcatel Lucent. O conselho administrativo da companhia, em Paris, revisou e aprovou o balanço do terceiro trimestre deste ano, com prejuízo líquido reconhecido (participação do grupo) de 40 milhões de euros, ou 0,02 euro por ação diluída. O débito líquido ficou em 600 milhões de euros no final do trimestre. A receita caiu 6,6% com relação ao ano anterior e 0,9% seqüencial, para 4,065 bilhões de euros. A uma taxa cambial constante, a receita apresentou declínio de 2,2% com relação ao ano anterior e declínio seqüencial de 2,9%. Da mesma forma, a receita do segmento operadoras caiu 9,4%, enquanto as receitas do segmento Enterprise e Serviços aumentaram 6,3% e 16,6% respectivamente. A margem bruta ajustada foi de 32,5% da receita, ou 33%, excluindo uma perda hedge de 23 milhões de euros. As despesas operacionais ajustadas apresentaram declínio de 9,6% com relação ao ano anterior, e de 4,5% seqüencialmente, levando a um lucro operacional ajustado de 40 milhões de euros, ou 1% da receita.
Além dos resultados reconhecidos, a Alcatel-Lucent divulgou os resultados financeiros ajustados para comparação, o que exclui os principais impactos não-financeiros relacionados às entradas de alocação de preços de compras resultado da combinação com os negócios da Lucent.

Insatisfação

Apesar de frisar que a empresa está bem do ponto de vista do caixa, que está positivo por conta de operações realizadas no trimestre, o CEO da Alcatel-Lucent, Ben Verwaayen, demonstrou alguma insatisfação. A empresa está com caixa bruto disponível e títulos comercializáveis no valor de 4,46 bilhões de euros e menos de 1 bilhão de euros em débito de obrigações vencendo nos próximos 12 meses. Mas o executivo admite que a lucratividade continua insatisfatória. A margem bruta ficou abaixo das expectativas no trimestre, o que foi interpretado como uma mudança em relação à geografia e produtos. O desempenho na área de operadoras piorou a situação, levando a um prejuízo operacional ajustado que demandou uma série de ações. Mas destacou o que classificou como alta na margem operacional de um dígito no segmento Enterprise e a margem operacional de dois dígitos em Serviços.
Contribuíram para o declínio da receita a redução dos investimentos dos clientes em CDMA e em acesso fixo e óptico terrestre nos mercados desenvolvidos. Isto teria sido equilibrado com W-CDMA, NGN e redes submarinas.

Crise financeira

Com sua matriz localizada em Paris, empresa manteve-se cautelosa na avaliação do mercado de equipamentos de telecomunicações devido à crise financeira que atingiu em cheio a Europa. Ainda assim, a companhia reitera sua convicção de que este mercado e os serviços inerentes a ele deverão permanecer estáveis em 2008, bem como a estimativa anterior com relação à receita para 2008. A companhia continua estimando margem bruta ajustada entre 30 e 40 e margem operacional de um dígito variando entre baixa ou média em termos de porcentagem da receita para o ano de 2008.
Com base nesta estimativa para o quarto trimestre, a companhia continua esperando débito líquido de caixa inferior na comparação com o final de junho de 2008.

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