A Hughes vem apostando nos projetos de redes privativas como parte da estratégia de crescimento no mercado B2B no Brasil. Em entrevista ao TELETIME, o vice-presidente de marketing e vendas da companhia, Ricardo Amaral, afirmou que a empresa vê no boom da inteligência artificial (IA) uma oportunidade para alavancar novos serviços.
"A Hughes está cada vez mais posicionada como uma empresa de tecnologia, não apenas de conectividade via satélite. Estamos focando em soluções que agreguem valor real para os clientes – não só fornecendo o acesso, mas também plataformas e tecnologias como IA", disse Amaral.
Dentro dessa estratégia de redes privativa LTE e 5G, entram também parceiros para a construção de torres, distribuição sem fio, bem como de baterias painéis solares para a resiliência energética dos projetos. "Os integradores são peças-chave no nosso modelo de negócios. Com eles, conseguimos escalar as nossas soluções de redes privativas com IA", contou o executivo
Papel do satélite
Mesmo com o fato da operadora querer se posicionar cada vez mais como uma empresa de tecnologia, a conectividade via satélite ainda é um dos pilares centrais. Aliás, no ano passado, a Hughes lançou ao espaço um novo modelo para apoiar as soluções da marca: o Jupiter 3, que já é utilizado pela HughesNet no Brasil desde janeiro.
Segundo Amaral, o satélite oferece capacidade cinco vezes maior que a tecnologia anterior, o que permitiu à empresa expandir a própria cobertura em áreas onde a infraestrutura tradicional não chega. "Com essa tecnologia, conseguimos entregar conectividade em qualquer lugar do País, inclusive em áreas remotas", explicou o executivo.
Essa conectividade via satélite complementa a oferta da Hughes em redes privativas LTE e 5G, especialmente em setores que operam em locais isolados (como mineração, agronegócio e energia). Já nos casos em que há disponibilidade de uma estrutura de banda larga confiável, os satélites da Hughes podem ser dispensados do projeto. Nesses cenários, opta-se por usar a própria Internet existente no local.
Mas a Hughes também enxerga o satélite como um diferencial para garantir resiliência e continuidade nas operações desses setores. Mesmo nas redes privativas em áreas não remotas, algumas companhias preferem usar a conexão banda larga do satélite como uma espécie de backup.
Varejo
Um dos focos da companhia está nos projetos de redes privativas para o mercado de varejo. Para alavancar novos projetos desse tipo, Amaral afirmou que a Hughes vem investindo para convencer o setor de que o uso de redes privativas, aliadas com soluções de inteligência artificial, podem trazer ganhos de eficiência e redução nos custos.
Segundo o executivo, a redução de custos nesse setor pode girar em torno de 30% a 40% para empresas que implementam redes privativas com IA – só em eficiência operacional. Além disso, a Hughes observa no Brasil uma demanda crescente por esse tipo de solução em redes privadas LTE e 5G.
"No varejo, por exemplo, a IA pode ser aplicada na análise de fluxo de clientes, otimização de estoque e até mesmo em segurança, com sistemas de videomonitoramento inteligente", contou Amaral. "Ela detecta padrões de comportamento, identifica picos de demanda, e ajuda a prever necessidades de estoque antes que a ruptura aconteça", exemplificou ele.
Educando o mercado
Além do varejo, a Hughes também observa uma demanda crescente por redes privativas em outros setores econômicos. Um dos exemplos foi a infraestutura instalada na usina de gás natural da Eneva nos estados do Maranhão e Amazonas. Nesse projeto, utilizou-se torres 4G exclusivas.
No entanto, Amaral afirmou que um dos maiores desafios tem sido educar o mercado sobre o potencial dessas redes e da inteligência artificial. A empresa busca evoluir nesse cenário "investindo na conscientização" dos setores. Essa estratégia envolve, principalmente, a demonstração de soluções em eventos no Brasil, que abrangem desde o varejo até o agronegócio.
"O mercado ainda está aprendendo a explorar o verdadeiro potencial das redes privativas. A gente tem feito um trabalho forte de educar o mercado, mostrando que essa tecnologia não é só uma alternativa, mas sim uma revolução na forma como as empresas se conectam e gerenciam dados", disse Amaral.