Adotar soluções móveis na ponta de venda ainda é um desafio no Brasil

Antes de pensar em adotar mobilidade e automação na ponta de venda, em especial com o checkout móvel (no qual o consumidor consegue finalizar a compra pelo smartphone), o setor do varejo ainda precisa enfrentar o desafio de eliminar as amarras físicas e burocráticas. De acordo com o diretor do segmento de varejo da Totvs, André Veiga, a nota fiscal eletrônica é um primeiro passo para permitir essa transição tecnológica com dispositivos móveis. "Isso vai desamarrar a parte física, trazer redução de despesas e mais flexibilidade no ponto de venda", disse ele durante o último painel do primeiro dia do Fórum Mobile+ nesta terça-feira, 30, em São Paulo. "Agora, o que temos é a adoção dos Estados", explica – no momento, 17 Unidades da Federação já adotaram o cupom fiscal eletrônico.

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Com a adoção da NF-e, espera-se que haja redução na papelada necessária para cumprir as obrigações fiscais no varejo, permitindo o dinamismo das transações móveis rápidas. A questão é que isso precisa atingir não apenas os grandes varejistas. "Tem um mercado enorme que não são apenas os big players, são os menores. Quando começar a atingir os pequenos e médios, vamos ter um cenário bem mais interessante", afirma o arquiteto de soluções de mobilidade da Tlantic, Vinícius Linck.

Outro desafio apontado no painel é o da própria pluralidade de soluções. "A oferta de tecnologia acaba atrapalhando também na hora da tomada de decisão, com mais de 30 opções diferentes para resolver o problema", explica o CEO da MC1, César Bertini. E ele alerta que ainda é necessário buscar uma abordagem objetiva na hora de adotar a plataforma. "Tem que tomar cuidado em rebuscar tecnologia ou processo: a aplicação tem que ser simples, hoje tem de ser em dois ou três cliques", diz.

Um exemplo é a adoção de dispositivos robustos. Bertini declara que a Microsoft abandonou o sistema operacional Windows Mobile, finalizando o suporte em favor da adoção dos novos Windows Phone (e que, a partir do Windows 10, será totalmente integrado à versão desktop). Por outro lado, não há implantação do tipo no iOS, deixando espaço livre para o Android crescer. "Temos clientes de energia (elétrica) com 2.500 usuários e a adoção é tudo de Android da Samsung", explica. Vinícius Linck concorda: "Android e Windows 8 são tendências. Problema agora é legado." Ele acredita que a saída pode ser a adoção de uma solução multiplataforma para lidar com esses dispositivos mais antigos.

Decisão estratégica

César Bertini ressalta que o varejista primeiro precisa pensar se adotar a plataforma móvel é algo realmente que compense. "As empresas tendem a classificar 100% de assertividade em tudo, mas mobilidade é algo tão novo, quem entra nesse mercado tem de estar disposto a implantar, ajustar, fazer de novo… Não é um projeto, é um processo contínuo", declara. O vice-presidente de vendas da Spring Mobile Solutions, Fernando Valente, concorda com a abordagem. "Quando pensamos em processos de missão crítica, as objeções (ao mobile) são imensas", diz. Na visão dele, o necessário é fazer uma avaliação comparativa para mostrar ao cliente as vantagens (ou desvantagens) de entrar nessa nova oportunidade. "Tem que fazer assessment para mostrar como é hoje e como será com a mobilidade, é outra forma de remover objeção."

"É preciso primeiro entender o problema para, só depois, ver se vai para o mobile mesmo", pontua o gerente de negócios do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), Paulo Melo. "A gente não é apegado a mobile, Web, cloud, ou o que for. O mais importante é descobrir a necessidade e o negócio do cliente", explica. A solução empregada por Melo é a Chega de Fila!, um projeto para o grupo administrador de shopping centers Sonae que permite a troca de cupom fiscal por promocional utilizando o celular. O diferencial da introdução móvel, nesse caso, é a oportunidade de estar com o cliente nas lojas e ir além das vendas online. "Podemos começar a brincar com Big Data, introduzir o digital no dia-a-dia do consumidor do shopping, não só no e-commerce." O app já está em 11 shoppings da rede e contou com taxa de adesão acima de 45% dos consumidores participantes durante promoção de Dias das Mães e dos Namorados.

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