Estratégia de crescimento da BT no Brasil foca em satélites

A provedora de serviços corporativos British Telecom (BT) conta com uma missão no Brasil: reverter recentes resultados de queda em receita em meio a um cenário econômico difícil. Para tanto, um dos pilares estratégicos da empresa é investir no mercado de acesso via satélite, segundo contou a este noticiário o presidente da BT no País, Alex Inglês. Mas há desafios no meio do caminho.

Para o executivo, o impacto do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC) no mercado ainda é uma incógnita. Ele enxerga a iniciativa como algo que pode desbalancear a competição, a depender da política do governo em relação à conectividade. "A gente ainda vê mais como oportunidade do que ameaça", diz Inglês. Mas alerta: se acontecer de o SGDC provocar uma sobrecapacidade no mercado e os custos de capacidade satelital reduzir, há potencial de grandes mudanças. "Porque isso pode criar uma disrupção no mercado de venda de capacidade de satélite, a gente não sabe se isso vai baixar o preço do megahertz ou megabit, ou se isso (significa que) a Telebras vai entrar no mercado de prestação de serviço", declarou.

Inglês diz que há interesse da BT no leilão de capacidade do SGDC, mas há algumas dúvidas. "Se forem pelo caminho de não prover capacidade satelital, vai exigir investimento gigantesco, e isso não é o modelo que a gente quer fazer", diz. No edital publicado em 14 de julho, a Telebras prevê a cessão de capacidade divididas em dois lotes: o primeiro com 9.661 MHz em banda Ka, equivalente a 35% da faixa de 63 (dos 67) feixes; e o segundo com 5.809 MHz, correspondente a 22% da faixa de frequência disponível.

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A BT tem como principais fornecedores de capacidade operadoras como Telesat, Intelsat e a SES. "Temos contrato com provedores, mas é para prover esse meio de acesso, o satélite vemos com mais um meio, como a última milha." O executivo cita vantagens de poder trabalhar com a maior capacidade da banda Ka, além das latências menores de satélites em média órbita e até mesmo as constelações de baixa órbita, como o projeto da OneWeb. "A vantagem para nós, como provedores de serviço via satélite, é que somos agnósticos à tecnologia", declara.

Estratégia

A companhia tem o desafio de reverter o desempenho recente, em queda, especialmente após a perda do contrato com os Correios há mais de um ano. De acordo com Alex Inglês, o phase-out do contrato ainda está em andamento, mas a empresa continua sofrendo impacto de redução de receita. No comando da unidade brasileira desde dezembro, o executivo explica que o plano para o triênio, batizando de BT Brasil 2020, aposta no crescimento de forma sustentável para aumentar a rentabilidade enquanto volta a crescer. "É uma das minhas missões", diz. Ele não comentou a apuração do Cade contra as grandes operadoras por suspeita de formação de cartel. A ação foi movida por denúncia da BT.

O foco inicial é na rentabilidade e, a partir do segundo ano, voltar a crescer. Ele avalia que para isso, a British Telecom conta com vantagem competitiva no mercado. "Isso vai permitir que a gente entregue esse plano e até passe, é um plano conservador", afirma. Inglês diz também estar confiante também na macroeconomia brasileira, ainda que o cenário político continue turbulento. "Temos um plano, sou otimista em relação ao futuro do Brasil, tem um potencial grande, especialmente ao futuro da BT".

Além do mercado de acesso por meio de satélite, o presidente da companhia cita serviços de segurança (com a integração de 14 SOCs, um deles brasileiro), de rede dinâmicas e de redes definidas por software (SDN). "Estamos particularmente bem posicionados porque temos um produto já disponível, que vai ser lançado no Brasil agora em novembro ou outubro, e nós não temos o risco de canibalização de nossa receita, o que vai ser o problema maior para as empresas que vivem de acesso", analisa. Ele acredita que a companhia é um "challenger" no mercado de acesso e de serviços de infraestrutura de rede. "Acho que a combinação de hardware mais barato com a possibilidade de incorporar meios de acesso mais baratos pode criar disrupção."

O backbone da BT no Brasil conta com 30 nós, além de teleportos em Hortolândia e Jaguariúna (SP). A companhia tem também dois network-to-network interface (NNI), onde trafega na camada IP do parceiro e permite custo de atacado.

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