Há algum tempo, a Vivo tem dobrado a aposta na combinação entre a oferta de serviços de rede móvel e fibra óptica para aumentar suas receitas, vender mais na própria base e estreitar o relacionamento com os usuários.
A estratégia foi reforçada pelo CEO da empresa, Christian Gebara, em conferência com analistas de bancos para comentar os resultados do segundo trimestre de 2024. No período, o Vivo Total (a oferta convergente de pós-pago e fibra), atingiu 1,8 milhão de assinantes, em aumento de 103% em um ano.
"Estamos usando cada vez mais a combinação de móvel e fibra, porque acreditamos que essa é a melhor forma de vender mais e manter os clientes mais leais à nossa base. Temos feito isso de forma bem-sucedida", afirmou Gebara.
Na conferência, o CEO destacou o fato da fibra da companhia ter chegado 27,3 milhões de casas cobertas com fibra (HPs) no trimestre (+10,7%), além de somar 6,5 milhões de casas conectadas (+12,7%) com clientes de tecnologia.
Isso ajudou a receita fixa a apurar expansão de 3,9% no trimestre de abril a junho, para R$ 3,95 bilhões – o maior aumento da vertical em nove anos.
Já a receita dos serviços móveis pós-pagos chegou a R$ 7,4 bilhões (+9,7%). No pós-pago, a base chegou a 63,9 milhões de usuários no período (+7,2%). Como um todo, os serviços móveis da Vivo cresceram 8,8% no trimestre, para R$ 8,9 bilhões.
Competição e preço
A respeito da competição com os ISPs, especialmente na fibra óptica, o executivo declarou que o foco da companhia é na "geração de valor", e confirmou que a tele segue atenta a novas oportunidades (a Vivo tem conversas para uma eventual aquisição da Desktop).
Por outro lado, ao ser questionado se há dificuldade para aumentar os preços aos usuários por conta dos concorrentes ou à restrições orçamentárias dos próprios consumidores, Gebara ressaltou que a "estratégia vai além" dos reajustes nos planos.
"Tivemos algum aumento de preço impulsionado pela inflação do período, e fizemos isso para parte do nosso pós-pago puro e híbrido em abril. O pré-pago foi no ano passado", disse. "O que temos mostrado ao mercado, e acho que temos sido muito bem-sucedidos, é a combinação de serviços. Estamos direcionando o mercado para a convergência, convergência de fibra mais híbrido ou pós-pago puro."
Cloud
Em busca de novas receitas para além de seu core business, a Vivo obteve resultados importantes nos negócios digitais no segundo trimestre de 2024. Nos últimos doze meses até junho a empresa faturou R$ 3,62 bilhões (+19%) com serviços digitais, com destaque para os serviços de cloud.
Gebara explicou que isso faz parte do movimento pós-pandemia, quando as empresas aceleraram a aquisição de infraestrutura em nuvem. De acordo com o CEO, uma das oportunidades está na aquisição recente da IPNet, uma integradora de serviços Google, por até R$ 230 milhões. A startup de cloud soma uma carteira com 1,4 mil clientes e receita de R$ 218 milhões no ano passado.
"Isso dá muita otimismo em continuar crescendo em serviços digitais, incorporando mais talento, e com certeza uma base de clientes especializadas no Google Cloud", disse nesta manhã, em conversa com jornalistas. Além disso, uma das razões para o M&A da IPNet é que o Google Workspace é capaz de atrair também as pequenas empresas.
Crédito
Nos 12 meses encerrados no segundo trimestre, a carteira Vivo Money registrou avanço de 62,4%, alcançando R$ 446 milhões. No geral, as receitas com serviços financeiros ficaram em R$ 450 milhões no mesmo período (+26,9%).
Aos jornalistas, o CEO da Vivo confirmou que essa é uma das apostas para o crescimento da companhia. "É tão estratégica essa área que nós estamos aumentando os produtos de crédito", disse ele, em menção à parcela Pix e à antecipação do saque aniversário do FGTS como parte das mudanças recentes no portfólio.
Para isso, são estruturais os mais de 60 milhões de clientes que pagam fatura ou fazem recarga de forma recorrente, além dos mais de 24 milhões de usuários únicos que utilizam o aplicativo.
"Isso nos dá um conhecimento e uma robustez no modelo de crédito que nos permite ir avançando em mais empréstimos a clientes ou talvez a novas segmentações de clientes que até agora nós não tínhamos entrado", disse.
Na estratégia de avançar em serviços financeiros, a tele espera que a licença de Sociedade de Crédito Direto (SCD), solicitada em março, seja concedida ainda em 2024. Isso permite que empresas não financeiras possam lançar serviços como conta digital, por exemplo.