A despeito da queda de base, TV por assinatura mantém percepção de valor

A despeito das perspectivas de lenta retomada do crescimento econômico no Brasil, bem como do forte potencial do impacto das mudanças de paradigmas e conceitos disruptivos no setor de telecomunicações em geral, a TV por assinatura segue forte a com grande potencial de retomada. Segundo Cláudia Viegas, da LCA Consultores, após uma queda de 15% na base de assinantes, o setor ainda é grande no Brasil e tem grande apelo entre os consumidores.

De acordo com a consultora, em palestra no Pay-TV Forum 2019 nesta terça, 30, em São Paulo, o mercado de TV paga tem características positivas, como mostra pesquisa realizada entre outubro e novembro de 2018 com assinantes do serviço. O levantamento aponta que o gasto médio é alto, de US$ 68,45 por assinante. Além disso, 61% afirmaram que utilizam mais de um serviço de conteúdo para TV. O dado mais importante para o setor e que 75% dos consultados afirmam que ainda não têm acesso a todo o conteúdo desejado. "O mercado tende a reagir. Uma agenda de ação e reação bem montada ajuda a sair mais rapidamente da crise. É isso que dá dinamismo nestes solavancos da economia", diz Viegas.

A retomada do crescimento do setor, no entanto, depende de uma retomada macro na economia.

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Sinais no horizonte

A executiva da LCA Consultores lembra que a crise é a maior da história brasileira. A queda da economia no biênio 2015 e 2016 (7%) foi maior do que a 1930 e 1931 (5%). Além disso, há uma piora persistente das contas públicas – a dívida bruta do setor em relação ao PIB vem crescendo, tendo saltado de 53% do PIB em 2013 para 76% em 2018.

Há ainda um enfraquecimento do consumo, sendo que 441 mil deixaram as classes A e B. A classe C, que foi o motor da TV por assinatura no país, segue estável, mas em um "movimento perverso": a queda das classes A e B. Já o desemprego tem crescimento contínuo e persistente, chegando a 12% em 2018, o que derruba a renda per capita.

A perspectiva da LCA Consultores é que apenas em 2023 a economia deverá recuperar nível de PIB per capita de 2013. A entrada em um ciclo virtuoso na economia, explica Cláudia Viegas, depende de uma retomada do nível de confiança. Os gastos públicos não podem ser um motor da economia, vide o nível de endividamento, em a demanda interna, por conta do alto nível de desemprego. "A única coisa que pode fomentar a retomada é o aumento da confiança para incentivar o investimento. Convencer a matriz a colocar esforços aqui é uma tarefa difícil", diz. Para ela, mostrar as ações estruturantes é o caminho. "Vamos sentir os efeitos da reforma da previdência mais à frente", diz.

Para ela, portanto, o sinal no horizonte está nos debates e reformas estruturantes. "O aspecto positivo numa crise como a nossa é colocar isso na agenda do dia", diz. Com a retomada do investimento, o Brasil tem condição de resposta, aponta ela, já que tem uma capacidade ociosa na indústria expressiva, de 25,5% em junho de 2019. Para cada R$ 1 milhão injetado na economia, explica Viegas, são gerados R$ 570 mil em salários, 32 novos postos de trabalho e R$ 290 mil em arrecadação de impostos.

De acordo com a consultora, o cenário realista é que esta é a maior crise que já se viu no Brasil, mas com potencial de retomada.

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