O grupo mexicano América Móvil (AMX), dono da Claro no Brasil e de diversas empresas de telecomunicações na América Latina e na Europa, ainda não sente efeitos diretos do tarifaço do governo dos Estados Unidos em seus negócios. Contudo, indica que pode promover mudanças em sua cadeia de produção e importação em função das novas condições do comércio internacional.
"Até o momento, não temos nada para falar sobre tarifas e não esperamos [impacto de] tarifas nos próximos meses", afirmou Daniel Hajj, CEO da AMX, em conferência com analistas nesta quarta-feira, 30, após a divulgação dos resultados financeiros do primeiro trimestre (saiba mais abaixo).
Hajj, porém, disse que "é muito difícil entender o que vai acontecer no futuro", em função da política comercial do governo de Donald Trump. Nesse sentido, ele sinalizou que a empresa cogita ampliar a cadeia de produção no México, numa tentativa de diminuir as importações dos Estados Unidos e da China.
Apesar de as tarifas ainda não terem afetado os resultados da empresa, o CEO ponderou que o cenário de instabilidade gera efeitos sobre o câmbio. "Compramos tudo em dólar", ressaltou. "[Diante de] tudo o que está acontecendo no mundo, espero que beneficie o México", acrescentou.
Resultados financeiros
As receitas da AMX cresceram 14,1% no primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado, chegando a 232 bilhões de pesos mexicanos (aproximadamente US$ 11,8 bilhões).
Os serviços móveis cresceram 5,7%, com alta de 8,8% em planos pós-pagos. O segmento fixo avançou 6,7%, puxado por banda larga (+9,8%) e TV paga (+8,7%), vertical que registrou o ritmo mais forte "em muitos trimestres".
O lucro operacional teve alta de 10%, apesar do aumento de 16,1% com depreciação e amortização, muito em função da compra da ClaroVTR no Chile no ano passado. O lucro líquido cresceu 38,6%, para 18,7 bilhões de pesos mexicanos (US$ 950 milhões).