Responsável pela execução de uma série de programa de conectividade e infraestrutura de telecom do governo federal, a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) tem assumido papel de articuladora entre políticas públicas e setor privado – mas deixa claro que não se tornará uma operadora.
Na última quarta-feira, 29, a organização social vinculada ao MCTI realizou em Campinas a décima edição de seu encontro de fornecedores, que reuniu entre 120 a 150 parceiros como Connectoway, Br Digital Telecom, Grupo Binário, Juniper e Padtec. Na ocasião, o presidente da RNP, Nelson Simões, concedeu entrevista ao TELETIME.
"Há sempre questionamento se vamos conectar as escolas e a polêmica sobre o que é a RNP, mas não somos operadoras de comunicações. O que fazemos é criar modelos, parcerias e trabalhar com as políticas públicas", sinalizou o dirigente, colocando a entidade como uma articuladora entre demandas do governo e o setor privado.
Os projetos, contudo, nunca se distanciaram completamente da esfera do ensino e pesquisa, aponta Simões – mesmo na Infovia 00 do Norte Conectado (entre Macapá e Santarém), onde a RNP foi responsável pela construção da rede, além da governança. Na região atendida pela nova rota óptica, pelo menos quatro instituições de ensino superior já eram vinculadas à entidade, justificando a contribuição no projeto.
"Temos atuação proporcional às demandas da comunidade [acadêmica], que tem muita massa crítica no Brasil", colocou Simões. No caso dos primeiros trechos do Norte Conectado (que tem a Infovia 01 prestes a entrar em operação), capacidade excedente das redes após atendimento educacional e de órgãos públicos é oferecida ao mercado.
Simões também destacou que a atuação da organização vai hoje muito além da camada de redes. "Tem toda a história do primeiro backbone de Internet do Brasil e da conexão dos campi na parte mais visível, que é infraestrutura, mas também temos serviços ligados à oferta de plataformas de segurança, de colaboração e comunicação, melhoria em campus e transformação digital de processos", explicou o presidente da RNP.
Ensino básico
Recentemente, a RNP também tem atuado em projetos para conectividade na rede de educação básica – como o programa Internet Brasil, cuja prova de conceito para uso de chips neutros financiada pelo MCom foi detalhada em matéria do TELETIME na última quarta-feira, 29.
Outro projeto relevante é a modelagem para conexão de escolas ao lado de provedores regionais parceiros. Neste caso, mais de 90 empresas diferentes foram contratadas para prestação de serviços em mais 1,8 mil escolas até o fim de 2022, sendo 99% em conexões habilitadas por fibra óptica após chamadas ao lado do MCom. O planejamento é conectar até 8 mil instituições no projeto. (O jornalista viajou a Campinas convidado pela RNP)