Minoritários da Telebras vivem expectativa por conversão de ações, mas não há perspectivas

Telebras

A sinalização, no final do ano passado, de que a Telebras estudaria a conversão de suas ações preferenciais (PN) em ordinárias (ON) tem causado expectativa entre acionistas minoritários da empresa, mas sem perspectivas concretas de um desfecho.

A possibilidade de conversão das ações está em aberto desde outubro: na ocasião, a diretoria de governança e relações com investidores da Telebras apresentou, em reunião ordinária do conselho de administração, o "status de estudo de viabilidade de conversão de ações PN em ON". O informe consta em ata da reunião.

Mas segundo apurou este noticiário junto à estatal, não houve qualquer avanço sobre os estudos desde a "cogitação" expressa em outubro. Parado, o processo de conversão possivelmente não deve ser feito enquanto não houver clareza de como – e se – vai ocorrer a privatização da estatal.

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A Telebras compõe a carteira do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal e o tema segue em estudos. Recentemente, o governo voltou a dar sinais de que pode avançar na privatização das empresas vinculadas à pasta de Comunicações. Correios e EBC tiveram evoluções recentes em seus respectivos processos, provocadas pelo ministro Fábio Faria, e pela lógica a Telebras seria a próxima.

Dependência

Para investidores minoritários, a situação é classificada como confusa. "Não dá para saber para qual lado a Telebras está se movendo: o de ampliar o capital privado na empresa, que hoje é só 9%, ou se há intenção de encampar ações PN e convertê-las para a classe ON", afirmou o porta-voz de um grupo de investidores da estatal, Manoel Garcia da Silveira Neto.

Há também o entendimento de que a conversão afastaria um risco existente desde a classificação da Telebras como dependente da União, no fim de 2019.

Como as subvenções públicas já estão beneficiando o balanço financeiro da companhia, um eventual lucro da empresa acarretaria na distribuição de dividendos às custas de recursos públicos – e com prioridade para os chamados "preferencialistas".

"Se não distribuir, os acionistas PN podem judicializar, porque vão se sentir prejudicados", afirma Neto. O risco da situação "controversa" deixaria de existir em caso de conversão das ações, segundo avaliação.

Para um segundo interlocutor dos minoritários ouvido por TELETIME, o efeito positivo de governança também inclui a possibilidade de entrada no Novo Mercado, com eventual reflexo positivo no valor dos papéis.

Desde o começo de 2021, as ações PN da Telebras desvalorizaram 17,4% e as ON, 16,1%. Já ao longo do ano passado os papéis preferenciais subiram 6,4%, enquanto os ordinários registraram queda de 11% no valor. Em 2020, as ações da companhia movimentaram mais de R$ 370 milhões na B3.

Distribuição

A Telebras encerrou o ano passado com 67,8 milhões de ações, sendo 49,4 milhões do tipo ON e 18,4 milhões, PN. A União é a maior detentora em ambas as classes (91% e 88% do total, na ordem), somando quase 90% do capital acionário da operadora.

Cerca de 7,5 mil acionistas pessoas física concentram participação minoritária de 2,5% (sendo 8,3% dos papéis PN e apenas 0,34% dos ON). Já pessoas jurídicas somam outros 7,7%, com maior exposição ON.

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