Para de fato se ter um ambiente de apostas online seguro para o cidadão, o ideal seria bloquear as formas de pagamento como o Pix, já que o bloquear os endereços dos sites de apostas irregulares tem se mostrado como "enxugar gelo". Essa é a visão de Hugo Baungartner, Chief Commercial Officer (CCO) do Grupo Aposta Ganha, um dos sites autorizados pelo Ministério da Fazenda para operar no Brasil.
Baungartner afirma que hoje, 98% dos pagamentos que o Aposta Ganha recebe vem por meio do Pix. "Bloquear o meio de pagamento [das empresas irregulares] é uma boa ideia. Cartão de crédito já não pode há tempos. Débito, ninguém usa. Alguns sites usavam boleto. Hoje, todo mundo faz o seu depósito e seu saque via Pix", explicou o executivo.
Ele atribui que a tarefa de bloquear as formas de pagamento seria do Banco Central, que também poderia rastrear para onde os valores pagos por meio de Pix estão indo. "Se o BC fosse atrás dos Pix e saber para onde ele está indo, como por exemplo, para algum site ilegal, seria possível bloquear esse pagamento. Hoje, existem processadores oficiais de Pix. São eles que fazem os pagamentos para as instituições menores", disse Hugo Baungartner.
Já o bloqueio dos endereços – que tem sido realizado pelas operadora de Internet, após indicação das empresas pelo governo – tem sido considerado pelo setor de bets como pouco efetivo, uma vez que seria mais facilmente contornável.
A regulação é boa
Outro assunto que Hugo Baungartner tratou na conversa com o TELETIME foram os benefícios que a regulação que está sendo implementada no Brasil pode trazer. Ele avalia que as medidas tomadas pelo governo são positivas para todos.
"Hoje temos uma indústria de bets. Esse movimento do governo de regular vem desde 2018. Começou com [o ex-presidente Michel] Temer, e é um movimento natural do mercado. Entendo que ele deve ser feito. Faz total sentido para nós e para o Brasil", disse.
Ele só avalia que o Brasil demorou, pois as medidas que estão sendo tomadas agora poderiam ter começado antes. "Acho que o timing para se regulamentar é que poderia ter sido feito antes. Deveria ter começado em 2019. Estamos esperando isso desde dezembro de 2018", disse.
Até agosto, segundo Baungartner, o Brasil registrou mais de uma centena de sites que entregaram documentos para operarem legalmente no Brasil. "Acho que hoje temos mais ou menos 290 instituições que pediram para operar em bets no Brasil. E até o começo do ano que vem, devemos chegar a pelo menos 300 empresas que pediram o serviço no Ministério da Fazenda", afirmou.
Ludopatia
Perguntado sobre os problemas de saúde que os jogos proporcionam nos usuários, como a ludopatia (jogo patológico), Hugo Baungartner disse que mundialmente, é reconhecido que 1% da população mundial sofre do transtorno, e que diversas empresas, como a que ele é executivo, possuem parcerias com instituições que tratam os ludopatas.
"Somos uma indústria que pode ajudar em alguns projetos. As empresas que fazem parte da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) têm vontade, estão preocupadas e sim estão propensas e totalmente abertas a conversa sobre isso", disse.