Falta de componentes eletrônicos afeta produção de SIMcards

[Publicado originalmente no Mobile Time] A escassez mundial de chipsets e outros componentes eletrônicos está impactando a produção de SIMcards e cartões bancários. Ao longo de 2021, os preços dos SIMcards subiram mais de 30% no Brasil e a pressão seguirá no ano que vem, informam fontes ouvidas por Mobile Time.

Vale lembrar que a implementação do 5G demanda a troca de SIMcards para permitir o acesso a algumas novas funcionalidades de segurança, mas, a princípio, o risco de faltar chips para a quinta geração é pequena porque a migração dos dispositivos não acontecerá tão rapidamente, em razão dos seus altos preços.

"A falta não é de SIMcards, mas de componentes eletrônicos. E o problema não vai se resolver em 2022. Pode ser até que piore no ano que vem", descreve André Mattos, head de vendas de serviços móveis e IoT da Thales, em conversa com Mobile Time.

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"Há pressão de custo. Os preços aumentaram ao longo deste ano algumas vezes", afirma Mattos. Isso foi sentido também na sua concorrente, a Idemia. "Todas as commodities tiveram aumento de preço. O transporte subiu mais de 900%. Os chips, mais de 50%. O papel, mais de 20%", relata Diego Cecchinato, vice-presidente sênior da área de operadoras móveis da Idemia.

"A pandemia chamou a atenção para o aspecto logístico. Estávamos acostumados a transportar por avião, mas a quantidade de voos caiu enormemente e os preços dispararam", lembra Cecchinato, contando que foi necessário trocar os aviões por navios, retardando as entregas. Por outro lado, as dificuldades levaram a empresa a aperfeiçoar seu planejamento produtivo e logístico.

As fontes apontam que, diante do excesso de demanda, a cadeia produtiva de microprocessadores acabou priorizando setores como o de saúde ou aqueles com produtos mais caros e sofisticados, como a indústria automotiva, cujos carros necessitam de milhares de componentes eletrônicos. Os fabricantes de SIMcards e cartões bancários ficaram no fim da fila.

5G

Novas camadas de proteção e segurança criadas no 5G demandam elementos no SIMcard, o que exige a sua substituição. Tanto Idemia quanto Thales planejam fornecer SIMcards 5G para o Brasil. Elas não acreditam que haverá falta de chips porque a demanda inicial será baixa. A Idemia projeta que entre 5% e 10% do volume de SIMcards vendidos no Brasil em 2022 será 5G.

É importante ressaltar que as redes 5G poderão ser acessadas mesmo por smartphones com SIMcards antigos, mas sem as novas funcionalidades de segurança.

Enquanto isso, para se protegerem das intempéries e agregar valor à sua atuação, fornecedores de SIMcards vêm investindo ao longo dos últimos anos na diversificação de seu portfólio de produtos para as operadoras, apostando em plataformas de segurança, gerenciamento remoto de credenciais e sistemas de big data e analytics.

Cartões bancários

Os fabricantes de SIMcards também costumam produzir cartões bancários com chip, outro produto afetado pela escassez mundial de componentes eletrônicos. É projetada uma queda de 30% a 40% no volume mundial de cartões emitidos em 2022, baixando de 3 bilhões para 2 bilhões, diz Mauro Tozzi, head de vendas da HST, empresa que fornece soluções para a indústria de pagamentos. A falta vai impactar mais os cartões low end e emissores de pequeno e médio porte. "Nos EUA, os grandes bancos estão com estoque, mas os médios e pequenos não", comenta o executivo.

Uma das soluções estudadas pelo mercado é a emissão de cartões "digital first", ou seja, que nascem primeiramente em formato digital, sem um par físico. "É diferente do chamado cartão virtual, que é criado com um token para fazer as vezes do cartão físico", explica o executivo da HST. A tendência deve ser puxada pelos neobancos, aposta.

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