Para concessionárias, AICE ficou mais abrangente e é inviável economicamente

Um novo ponto de atrito entre operadoras de telecomunicações e governo diz respeito às regras que balizarão a oferta do AICE (Acesso Individual Classe Especial), um dos pilares do Plano Geral de Metas de Universalização. Trata-se do serviço de telefonia voltado a assinantes de baixa renda. O impasse, segundo operadoras de telefonia ouvidas por este noticiário, é que o decreto do Plano Geral de Metas de Universalização para o período até 2015 (PGMU III, Decreto 7.512/2011) definiu o assinante de baixa renda como aquele inscrito no  Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal estabelecido pelo Decreto no 6.135, de 26 de junho de 2007.

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Acontece que este decreto abre a possibilidade de que qualquer família com renda até 3 salários mínimos esteja inscrita no cadastro. Para as empresas, isso abre excessivamente a abrangência do AICE, que de acordo com a consulta pública realizada pela Anatel em março, só previa o atendimento aos cadastrados no Programa Bolsa Família. Segundo estimativas das empresas, a abrangência do AICE subiria de 12 milhões de famílias para 20 milhões, o que aumentará significativamente os custos (e a viabilidade) do programa. A proposta da Anatel era que o serviço fosse oferecido a R$ 9,50, sem impostos, com uma franquia de 90 minutos. Para as empresas, as perdas que o serviço gerará até 2025, que já eram grandes (foram estimadas pela Oi durante a consulta pública, por exemplo, em cerca de R$ 730 milhões), poderiam ficar cerca de R$ 1 bilhão mais salgadas. "Não tem jeito de fazer isso sem uma fonte de financiamento externa", diz um executivo de uma operadora.

A questão está sendo discutida com técnicos da Anatel, mas ainda não foi deliberada pelo conselho diretor, quem cabe a palavra final sobre o regulamento. Entre as possibilidades estão manter as regras do AICE como estavam na consulta pública (apenas ajustando a abrangência do projeto ao Decreto do PGMU para contemplar o critério de baixa renda), ou limitar a um teto o percentual de AICEs na base da operadora, para evitar a canibalização. De qualquer forma, a palavra final terá que ser do Ministério das Comunicações, já que a determinação da política estabelecida no decreto é clara sobre o atendimento compulsório aos assinantes de baixa renda, e não apenas Bolsa Família.

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