Enquanto o presidente da Net, Francisco Valim, protesta contra o lançamento do serviço de televisão por assinatura via satélite da Telefônica, em parceria com a DTHi, a projeção inicial de venda do serviço pelos novos parceiros parece ser superada pela demanda. O call center da Telefônica está cadastrando os interessados pelo serviço na Grande São Paulo, mas adianta que as vendas foram feitas até a última segunda-feira onde o código de área é 11, porém depois suspensas por não ter condições de atender aos pedidos. Os atendentes acreditam que nos próximos dias a comercialização poderá ser retomada e disseram que nas áreas 15 e 16 (Ribeirão Preto) não foi suspensa.
O presidente da DTHi, Hélio Barroso, disse que de fato o produto está sendo bem aceito. ?Até o Valim é nosso cliente?, provocou ele, sem revelar volume de vendas. Em relação às críticas do presidente da Net sobre os preços praticados pela Telefônica/DTHi, Barroso argumentou que os preços negociados pela Net junto aos programadores de conteúdo devem ser melhores. Isto porque os programadores estabelecem os preços conforme a base de clientes: quanto maior o número, menor o preço. Acontece que a Net é obrigada a carregar canais em seu lineup que são caros, enquanto a DTHi não tem essa obrigação, o que diminui seu custo, explica Barroso. É o caso, por exemplo, dos canais da Globosat. Se já tivesse fechado com esses canais, o seu preço também subiria, diz o executivo. Embora negocie com a Globosat, Barroso afirmou que não pretende mudar o empacotamento básico. Sua estratégia é de preços baixos adaptados ao poder aquisitivo da população, pois seu alvo é a imensa maioria da população ainda desprovida de TV paga. Em sua operadora Astralsat, por exemplo, vende pacotes com oito canais por R$ 20, comparou. ?Seria dumping se eu carregasse canais, como faz a Net, por este preço (R$ 39,90).?
Reunião com ABTA
Barroso ainda aguarda agendamento de reunião com a ABTA, representante das empresas de televisão por assiantura, pois se sente desconfortável pelas críticas que recebeu pela oferta do serviço com a Telefônica, mesmo sendo associado da entidade. A direção da ABTA confirmou para este noticiário que a reunião ocorrerá mesmo nesse prazo e que a DTHi terá oportunidade de se explicar. Segundo a entidade, as pressões não partem apenas da Net, mas também de outros associados. O protesto é contra a hipótese de a Telefônica prestar serviço de televisão em sua área de concessão de STFC (telefonia fixa comutada). A sutileza está em ver qual é o tipo de parceria entre a DTHi e a Telefônica: se for comercial, sem ingerência da Telefônica na operação, ou se extrapola estes limites, diz a ABTA.
Fiscalização
A reportagem apurou que a Anatel já iniciou o levantamento de informações para saber se a operação do DTH da Telefônica/DTHi é uma parceria ou é um novo produto da tele. Na fiscalização estão incluídas solicitação de informações e monitoramento do processo de venda. Se ficar caracterizada a transferência de controle, haverá punições. Se ficar claro que se trata de um parceria, a Anatel não deve interferir.