Nubank lança operadora NuCel e entra no mercado de telefonia móvel

Livia Chanes, CEO do Nubank no Brasil, apresenta a NuCel

O Nubank oficializou nesta terça-feira, 29, a entrada no mercado de telefonia móvel com o lançamento da NuCel, operadora móvel virtual (MVNO) habilitada a partir de parceria para uso de rede da Claro, em um modelo de compartilhamento de receitas.

As novidades do produto foram apresentadas pela CEO do Nubank no Brasil, Livia Chanes, e pelo novo diretor geral da NuCel, Paulo Barbosa, em evento em São Paulo. Foram anunciadas inicialmente três opções de planos: 15 GB por R$ 45/mês, 20 GB por R$ 55/mês e 35 GB por R$ 75/mês. 

O serviço será gradualmente disponibilizado ao longo dos próximos meses, inicialmente para aparelhos com o recurso de eSIM (chip virtual). A partir desta terça-feira, os cerca de 95 milhões de clientes do banco digital no País podem se inscrever no app do Nubank e solicitar inclusão na lista de interessados na oferta. 

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Para Livia Chanes, a musculatura para distribuição na base de clientes do banco será um grande diferencial da operação. "O principal desafio para MVNOs é a distribuição e nós já temos quase 100 milhões de clientes. Nenhum player que entrou tinha essa base e entramos com essa vantagem", afirmou a CEO. 

Chanes também lembra que a entrada em telecom faz parte de estratégia de expansão para segmentos onde é possível "alavancar eficiências". Segundo ela, a principal queixa do usuário móvel é a falta de transparência e complexidade nas ofertas, o que envolve dificuldade em cancelamentos, cobranças indevidas, aumento de preço sem aviso, app que não funciona, atendimento disfuncional entre outros. 

"Todos nós como clientes já passamos por essas experiências", afirmou a CEO do Nubank no Brasil – prometendo trazer uma "transparência, flexibilidade e uma camada de leveza para indústria de telecomunicações, assim como fizemos com o setor financeiro há alguns anos".

Parceria com a Claro

A parceria para uso da infraestrutura de rede da Claro será baseada em um modelo de compartilhamento de receitas, indicou o comando da fintech. "Nossos interesses do ponto de vista do sucesso do produto são alinhados e a Claro tem sido grande parceira", afirmou Livia Chanes.

Neste sentido, o banco digital diz ter utilizado a "expertise" da Claro na definição de produtos e preço da nova MVNO. O Nubank também não enxerga para a NuCel os mesmos entraves enfrentados por outras operadoras móveis virtuais no mercado brasileiro. Segundo exemplificou Paulo Barbosa, o arranjo com a tele não exigirá renegociações para aquisição de GB adicionais, sendo melhor descrita como uma "parceria de longo prazo".

Chip físico em breve 

O início da NuCel será baseado em ativações a partir de eSIM, o chip que é incorporado dentro do aparelho celular. Segundo a fintech, algumas dezenas de milhões de clientes do banco já possuem o recurso, em base não necessariamente limitada a smartphones de ponta.

No entanto, a inclusão do SIM físico na proposta de valor é uma questão de tempo, apontou Livia Chanes – relatando trabalho já em curso para de desenvolvimento da alternativa. Com o passo, será possível aumentar a base endereçável da oferta. Ao TELETIME, a CEO também apontou intenção de absorver tanto clientes pré-pagos quanto pós-pagos, "desconstruindo" a diferenciação entre as duas modalidades.

De acordo com Chanes, do ponto de vista de tíquete médio a oferta inicial de R$ 45 será "super acessível" para clientes pré-pagos (segmento onde o Nubank já tem atuação considerável em recargas); por outro lado, os planos mais altos não deixariam a desejar aos pacotes pós tradicionais, afirma a executiva. 

Funcionalidades

Na fase inicial de testes da NuCel, apenas algumas funcionalidades estarão disponíveis. Após esta etapa, todos os benefícios e funções serão habilitados, afirma a empresa. Entre as funcionalidades reveladas pela Nubank para o NuCel estão: 

  • Planos "simples e iguais para todos", sem prática de planos antigos com valores mais altos;
  • Pacote de voz ilimitado, válido para ligações locais e interurbanas;
  • WhatsApp ilimitado, incluindo ligações de voz e vídeo, e acesso ilimitado ao aplicativo do Nubank;
  • Portabilidade numérica dentro do aplicativo em "poucos passos";
  • Ativação 100% digital dentro do app, com habilitação do serviço em dois minutos;
  • Planos ajustáveis a qualquer momento, para cima ou para baixo;
  • Sugestões inteligentes para gerenciamento do plano, com recomendação proativa da melhor oferta (inclusive para redução de pacote contratado, promete a fintech);
  • Cobrança mensal direto no cartão;
  • Atendimento 24 horas por dia;
  • Benefícios que fazem parte do ecossistema Nubank, como as Caixinhas Turbo, ferramenta que permite guardar dinheiro de forma personalizada, com rendimento de 120% do CDI para aplicações de até R$ 10 mil;
  • Clientes Ultravioleta e Nubank+ terão GBs extras liberados automaticamente em caso de uso total da franquia de dados, algo chamado pela empresa de "reserva para tranquilidade". 
  • Possibilidade de adicionar 2 GB adicionais por R$ 10 a qualquer momento.

A partir da rede da Claro, a empresa ainda reporta que o NuCel terá cobertura de 93% do território nacional e conexão 5G de alta performance.

Histórico 

O Nubank vê o mercado de telecomunicações como uma possível área de atuação há algum tempo, como apontou TELETIME ainda em 2021, quando a fintech iniciava processo de abertura de capital (IPO) na Bolsa de Nova York.

Ao longo de 2024, um contrato para operação MVNO a partir da rede da Claro foi homologado pela Anatel, abrindo caminho para a execução do plano. Analistas de mercado chegaram a classificar a entrada do Nubank no segmento móvel como um "possível divisor de águas" e "uma ameaça real", sobretudo para TIM e Vivo.

Entre os trunfos da fintech estaria a alta penetração no mercado de recargas pré-pagas, alcançando 20 milhões de clientes segundo relatório publicado em maio pela XP Investimentos (o comando do Nubank preferiu não divulgar número sobre o assunto nesta terça).

O entendimento de padrões de uso da base como forma de aprimorar o processo de aquisição de clientes e modelagens de crédito também foram destacados. Mas também foram indicados riscos de execução na estratégia, visto que o mercado de MVNOs "nunca foi lucrativo no Brasil", segundo o relatório da XP.

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