TIM alerta para risco de espectro virar um ativo financeiro em vez de industrial

A combinação do surgimento de um mercado secundário de espectro, devidamente legalizado pelo PL 79, e a fragmentação do leilão de frequências de 5G pode atrair para o mercado brasileiro investidores financeiros que queiram comprar blocos pequenos de radiofrequência apenas para revendê-los depois para as operadoras. Obviamente, ainda é necessário aguardar as regras a serem estabelecidas tanto para o mercado secundário quanto para o leilão de 5G, mas a possibilidade preocupa a TIM.

"Seria um absurdo alguém participar (do leilão) e comprar o espectro para depois vender para quem vai operar. Se o 5G é habilitador da economia do País, quem compra e depois revende quer ter um ganho, e nesse ganho quem perde é o sistema", criticou o CEO da TIM, Pietro Labriola, em entrevista na Futurecom nesta terça-feira, 29.

O vice-presidente de regulamentação e relações institucionais da operadora, Mario Girasole, acrescentou: "O espectro é um ativo industrial, não financeiro. Portanto, deve ser regulado como industrial".

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Ecossistema digital

Em sua palestra na Futurecom, Labriola reforçou a ideia de que o 5G constitui uma oportunidade para o Brasil construir um ecossistema digital próprio, o que ajudaria no crescimento da economia, impulsionando diversas verticais. "Isso pode ser uma vantagem para um país na competição global", argumentou. E reforçou a importância de uma atuação cooperativa entre as teles: "Ou surfamos todos juntos, ou perdemos essa onda. E não podemos perdê-la, porque a próxima só chega em 10 anos."

A visão de Labriola é compartilhada pelos fornecedores. "Ninguém imagina um país sem portos, rodovias etc. E no futuro ninguém vai imaginá-lo sem 5G. Ela fará parte da infraestrutura para o desenvolvimento de um país", disse Paulo Bernardocki, CTO da Ericsson.

Wilson Cardoso, CSO da Nokia para a América Latina, espera que o 5G movimente dentro de três a cinco anos uma receita extra mundial de US$ 2,3 trilhões ao ano oriundos de outras verticais fora de telecom. "Mas quem vai ficar com essa receita? As operadoras ou as OTT estabelecidas? Ou outras empresas?", perguntou.

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