Google quer ser parceiro das teles, e não concorrente

Fábio Coelho, diretor geral do Google Brasil

[Atualizado em 30/09] O Google quer criar um diálogo com operadoras e passar a ser visto como parceiro, e não como concorrente, mas reconhece que há percalços no caminho. Essa foi a mensagem que a companhia quis passar durante conferência para o setor de telecomunicações, a "Think Telecom with Google", nesta terça-feira, 29, em São Paulo.

O diretor geral da empresa no Brasil, Fábio Coelho, afirma que, mesmo no cenário macroeconômico de crise, enxerga oportunidades para colaboração. "A gente conversa com todas as operadoras. Lógico que, quando você começa uma conversa dessas, nunca sabe qual vai ser a reação dos parceiros de negócio por um possível medo de que você esteja entrando na área dele", afirmou Coelho.

O executivo compara a situação da indústria de telecomunicações com a de produção de conteúdo (publishers), afirmando que hoje há um maior entendimento da situação e maior cooperação. "No Brasil de hoje, no qual todas as empresas têm que buscar cada centavo de eficiência, cada solução nova disponível no processo de digitalização, e obter nos seus canais o entendimento do consumidor, Big Data, (com informações de) redes e infraestrutura, a gente começa a ter papel estratégico e estamos felizes de trabalhar em conjunto".

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Essa parceria, no entanto, não é tão ampla quanto a gigante da Internet gostaria. Ao ser perguntado por este noticiário sobre acordos de redes de distribuição de conteúdo (CDNs), o diretor geral do Google não pareceu tão otimista. "Ainda muito pouco, porque isso exige outro nível de aproximação que estamos construindo ainda", declara.

Mas a diretora de negócios Google Brasil, Mônica de Carvalho, garante que as teles estão enxergando a digitalização dos negócios, especialmente com o mobile, como um ganho de eficiência na operação e na proximidade com o consumidor. "Todas as discussões têm sido de altíssimo nível", disse ela a este noticiário. "Criar movimentos, mudar, não é fácil, mas estão todas muito interessadas."

Balão

Fábio Coelho diz que o desafio para a indústria no futuro será melhorar a qualidade de conexão, focando em dados e em serviços mais personalizados. Porém, ele nega a intenção da empresa de lançar uma operadora móvel virtual (MVNO) com foco na Internet móvel no País, assim como o Project Fi nos Estados Unidos. Mas garante haver "um monte de iniciativas em área de acesso, grande parte compartilhada com telcos, e a gente está estudando quais formas a gente tem para usar a tecnologia para trabalhar com uma ou mais telco ao mesmo tempo, gerando soluções que possam melhorar a cobertura e a qualidade no Brasil".

Uma dessas soluções seria o Project Loon, que utiliza balões enviados à estratosfera para fornecer acesso em lugares remotos, onde é mais difícil implantar infraestrutura de backhaul e mesmo de antena. Coelho acredita que essa alternativa permite melhorar a qualidade de rede, otimizando recursos e melhorando a eficiência em "áreas compartilhadas" – tudo isso prometendo ainda redução de montante de investimento. O Loon começou com teste-piloto em junho de 2013 na Nova Zelândia, e também realizou testes no Brasil em junho, em Teresina.

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