A Nokia anunciou uma nova reestruturação que deve resultar, segundo suas próprias estimativas, na demissão de aproximadamente mais 3,5 mil pessoas em todo o mundo até o fim de 2012. Esses cortes são adicionais aos 4 mil anunciados em abril. A nova reestruturação está relacionada à estratégia de fabricação de telefones celulares e à consolidação da Navteq com a área de serviços de localização.
A empresa pretende fechar até o fim deste ano a sua fábrica na Romênia. A produção que hoje é feita lá, que consiste basicamente em feature phones, será remanejada para a Ásia, onde terá ganhos de escala e ficará mais próxima de seu mercado consumidor, economizando em logística. Paralelamente, a Nokia informou que está revendo o papel desempenhado pelas fábricas da Finlândia, do México e da Hungria. Elas continuarão servindo aos mercados europeu e norte-americano com smartphones, mas a ideia é que gradativamente mudem seu foco para a customização de softwares e de embalagens. Nestes casos os cortes começarão apenas em 2012, mas antes a Nokia pretende se reunir com representantes dos empregados e com seus executivos nesses países. Não foi mencionada nenhuma mudança nas operações no Brasil, onde a Nokia mantém uma fábrica em Manaus.
A outra ação consiste na criação de uma área interna da Nokia dedicada a serviços de localização e comércio, a partir de uma consolidação das operações da Navteq e da equipe dedicada a serviços sociais de localização. A nova área, batizada de "Location & Commerce" terá escritórios em Berlim, Boston e Chicago. Em contrapartida, serão encerradas as operações em Bonn, na Alemanha, e em Malvern, nos EUA.
A reestruturação em sua cadeia de produção deve gerar 2,2 mil cortes. Na área de serviços de localização serão outros 1,3 mil. As demissões devem acontecer até o fim de 2012. Em comunicado oficial, o presidente da Nokia, Stephen Elop, disse o seguinte: "Precisamos tomar passos dolorosos mas necessários para alinhar nossa força de trabalho e operação ao nosso caminho futuro". A empresa promete oferecer suporte aos demitidos.
Análise
Em abril a Nokia anunciou um primeiro corte de 4 mil funcionários até o fim de 2012, a maioria na Finlândia, Reino Unido e Dinamarca. O objetivo é reduzir custos, gerando uma economia de 1 bilhão de euros até o fim de 2013. Com o comunicado desta quinta-feira serão portanto 7,5 mil empregados demitidos.
Os cortes da Nokia são um reflexo da perda de market share da fabricante finlandesa. A empresa, que no passado chegou a dominar 40% do mercado mundial, respondeu por 22,8% das vendas no segundo trimestre deste ano, segundo dados do Gartner. A Nokia ainda é a líder mundial, mas sua posição está ameaçada pela Samsung, que, por sinal, já lhe tomou o primeiro lugar em alguns mercados relevantes, como o Brasil.
No segmento de smartphones, no qual a margem de lucro é maior, a Nokia tampouco está se saindo bem, em razão de ter permanecido por muito tempo apostando em seu sistema operacional próprio, o Symbian, e na demora em reagir adequadamente às propostas de Apple e Google. Sua esperança agora reside na adoção do Windows Phone, cujos primeiros modelos a Nokia deve lançar no fim deste ano.