Com a crise mundial e a queda das Bolsas, os preços pagos pela Oi na compra de ações preferenciais da Brasil Telecom Participações (BRTP4) e da Brasil Telecom S.A (BRTO4) acabaram sendo caros. Nesta segunda-feira, 29, a BRTP4 encerrou o pregão cotada a R$ 17,5, enquanto a BRTO4 estava sendo vendida a R$ 13,82. Esses valores são, respectivamente, 42,6% e 41% menores que os pagos pela Oi nas ofertas públicas voluntárias (OPAs) realizadas. São também menores que os pagos pela companhia nas volumosas aquisições desses papéis que fez diretamente no mercado antes das OPAs, quando pagou entre R$ 20 e R$ 30 pela BRTP4, por exemplo.
Vale lembrar que o aumento do custo de capital e a conseqüente escassez de crédito estão entre os principais problemas que ameaçam o setor de telecomunicações daqui em diante. Em relatório enviado há duas semanas para clientes, a analista do Banco Fator, Jacqueline Lison, advertia que, dentre o setores de telecomunicações, TV por assinatura, TI e serviços financeiros, o primeiro poderá ser o mais afetado pela escassez de crédito, pois "passa por novo ciclo de altos investimentos, seja para implementar as redes 3G na telefonia móvel (inclusive pagamento de licenças) ou para promover processos de consolidação, e.g. aquisições da Brasil Telecom (BrT) pela Oi e da Telemig Celular pela Vivo". É verdade que a Oi já captou a maior parte do dinheiro necessário para concluir a compra da BrT, mas o custo desses financiamentos tende a ficar mais caro daqui para frente, por estar atrelado ao CDI. E ainda faltam R$ 3 bilhões, que serão usados para o pagamento do tag along aos minoritários.
Outra variável que afeta o setor de telecomunicações e que não pode ser esquecida é a questão do câmbio: o dólar vem subindo bastante desde o início da crise e se aproxima de R$ 2. A maioria dos equipamentos usados por operadoras de telecomunicações são importados e, logo, sensíveis à alta da moeda norte-americana.
TNLP3
Desde 25 de abril, data em que foi anunciado o negócio, o valor das ordinárias da Tele Norte Leste Participações (TNLP3) desabou quase pela metade, baixando 43,35%, passando de R$ 59,5 para R$ 33,71. No mesmo período, a Bovespa caiu 29,39%. As preferenciais da Telemar Norte Leste (TMAR5) também registraram uma queda bem maior que a média do mercado desde o anúncio da compra da BrT: redução de 40,56%. As preferenciais da Tele Norte Leste Participações (TNLP4), contudo, oscilaram muito próximas à Bovespa, tendo registrado baixa de 28,71% desde então.
Vale lembrar que o preço acertado para a compra da BrT foi calculado antes da crise global, quando a empresa valia muito mais. A Oi ofereceu R$ 72,30 por ação ordinária dos controladores na Brasil Telecom Participações (BRTP3), o que acarretará no pagamento de R$ 57,85 por ação aos minoritários que detêm esse papel, quando houver o tag along. Talvez exatamente por isso as ações BRTP3 estão entre as que menos se desvalorizaram na Bolsa brasileira desde 25 de abril: caíram apenas 6,91%, passando de R$ 57,85 para R$ 49,8. As preferenciais da Brasil Telecom, contudo, acompanharam a queda da Bovespa. A BRTP4 baixou 30% desde o anúncio da aquisição da empresa pela Oi; enquanto as preferenciais da operadora Brasil Telecom S.A. (BRTO4), caíram 30,9%.
Telecom
Nesta segunda-feira, 29, todos os papéis das empresas de telecomunicações caíram menos que a Bovespa. Enquanto a Bolsa fechou em queda de 9,36%, puxada para baixo por empresas de energia, mineração e comércio varejista, a maior queda entre as teles foi de 9,02%, por parte da BRTO4. A maioria dos papéis das teles registraram baixas entre 5% e 7% e a menor queda foi de BRTP3, com baixa de apenas 2,26%. As variações do dia foram as seguintes: BRTP3 -2,26%; BRTP4 -6,42%; BRTO4 -9,02%; TMAR5 -7,73%; TNLP3 -5,57%; TNLP4 -5,4%; TLLP4 -6,23%; TCSL3 – 5,71%; TCSL4 -8,25%; VIVO4 -4,2%.