Analistas elogiam agressividade mas temem margens da BrT GSM

A estratégia da Brasil Telecom para sua operação móvel está sendo muito mais ampla e agressiva do que os analistas de mercado esperavam. Não há mais nenhuma dúvida de que a companhia vai atingir a meta de 500 mil assinantes ainda este ano e 1,7 milhão até o final do ano que vem. A resposta do mercado, porém, é negativa: o custo dessa agressividade em antecipação de investimentos, subsídios, e descontos de tarifas deve derrubar as margens da BrT. Todos os papéis da empresa voltaram a sofrer nesta quarta-feira, 29, principalmente as ações ordinárias da holding (BRTP3), que fecharam com queda de 3,1%.

Força inicial

Na verdade, vários dos analistas ouvidos por TELETIME News ainda não calcularam o impacto das mudanças anunciadas pela Brasil Telecom GSM, que entrou em operação no final de semana passada. Os descontos e subsídios são maiores do que se imaginava, em especial a promoção denominada "Pula Pula", válida para os 400 mil assinantes iniciais, em que o cliente paga a conta em um mês e, no seguinte, tem um desconto equivalente à quantia gasta. Fora isso, está reduzindo em 40% a atual tarifa de interconexão fixo-móvel, sendo que a empresa se comprometeu em manter esta redução por no mínimo 14 meses, contados a partir de 1º de outubro. Com isso, as chamadas de telefone fixo para as operadoras móveis concorrentes serão cerca de 60% mais caras do que as chamadas para a BrT. "A aposta da empresa está totalmente fundamentada em sua estrutura integrada, utilizando sinergias nos serviços de telefonia fixa, móvel,

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pública, longa distância e dados", observa o Espírito Santo Research. Para acelerar o cumprimento das metas (market share de 3% em 2004 e de 8% em 2005), a Brasil Telecom está ainda antecipando investimentos equivalentes a R$ 350 milhões. A própria companhia reconhece que sua receita por assinante (ARPU) deve chegar a apenas R$21,00 nos primeiros 15 meses e que haverá uma redução de 2,0 a 2,5 pontos percentuais nas margens operacionais nos primeiros 12 meses, com EBITDA positivo só depois de 18 meses.

Conforto

" É um desconforto para os acionistas minoritários", comentou o analista de um dos bancos mais atuantes no setor. "De um lado, sabemos que BrT está muito descontada, até exageradamente, por conta das disputas societárias, o que recomendaria o papel; mas de outro, temos pela frente uma clara opção pelo crescimento rápido em detrimento da rentabilidade e da qualidade do assinante". Esse mesmo analista considera uma "ingenuidade" pensar que a Vivo, a TIM e a Claro vão deixar a Brasil Telecom andar solta por seus mercados. Outro profissional disse ter ouvido da área de relações com o mercado da TIM (cerca de 51% do mercado do Sul), que a empresa está apenas observando, no momento, para então contra-atacar. Essa parece ser a posição dos investidores que, ao mesmo tempo que batem na BrT, deixaram ilesas (ou aumentaram as compras) de papéis das concorrentes da área, como CRT Celular, Tele Celular Sul, TIM Sul e TCO.

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