A uma semana do início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, todas as operadoras já anunciaram planos de ampliar cobertura móvel e reforçar a infraestrutura para atender à demanda de tráfego durante o evento. Ainda assim, os backbones das empresas estão expostos a riscos e precisam não apenas ser supervisionados, mas também terem mais de uma redundância para o caso de alguma interrupção, segundo alerta a presidente da fornecedora de soluções Ciena, Patrícia Vello. "No passado se fazia proteção de fibra com uma única alternativa, mas se houvesse dois cortes simultâneos, perdia o tráfego", afirma. Cortes nas fibras acontecem "com bastante frequência", ainda mais quando a cidade está em obras, de acordo com a executiva.
O que tem sido feito é que as operadoras aumentaram o cache e a capacidade de transmissão. "Fibras que antes eram de 8 Tbps tiveram upgrade para aumentar a eficiência", alega. Também foram implantadas tecnologias de restauração OTN e fotônica, capaz de carregar mais tráfego por fibra. Além disso, a rede fica menos dependente de apenas uma rota alternativa. "Se há um corte na (rodovia) Dutra, o tráfego pode ser remanejado para outro caminho – mesmo que tenha corte simultâneo em outra, ainda pode ser restaurado passando por Belo Horizonte", exemplifica. Isso é possível por meio de filtros inteligentes nos transponders que fazem a correção e fazem o chaveamento da passagem de um determinado canal e fazer alterações.
Patrícia Vello explica que o grande componente das redes é o controle por software, que as deixam mais inteligentes. Ainda assim, não chegam a ser redes definidas por software (SDN), que ainda estão apenas em testes no País. Na visão da presidente da Ciena, a restauração fotônica é mais eficiente do que os métodos tradicionais, uma vez que reaproveita o transponder, que ela diz ser responsável por cerca de 70% do investimento em backbone. A executiva diz que as principais operadoras estão utilizando rotas de saída pelo Rio de Janeiro e por São Paulo, e que a empresa conta com rotas de proteção em Campinas, Santos, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, por exemplo.
Ela ressalta que o tráfego gerado durante as Olimpíadas será ainda maior do que em recentes edições, ainda mais com a proliferação de aplicativos de streaming de vídeo e smartphones com capacidade de gravar vídeos 4K. "Quando precisa de vídeo em tempo real, pequenos atrasos na rede podem ser muito significativos, e aí perdem a função de serem em tempo real", afirma.
A Ciena tem contrato com três operadoras brasileiras, cujas redes utilizarão a tecnologia para carregar os dados durante os eventos esportivos. Além disso, a empresa oferece suporte especial para atendimento nos jogos. Dada a importância das Olimpíadas, Vello assegura que a equipe da Ciena está preparada para ir a campo no Rio de Janeiro e que movimentou funcionários de outras funções para da dar cobertura ao serviço.