Gerenciar o WiFi doméstico é a nova fronteira para operadoras de telecom

Uma fronteira que ainda precisa ser conquistada pelos operadores de telecomunicações, especialmente pelas operadoras de cabo, é a capacidade de controlar o ambiente doméstico da rede de banda larga. Na visão do CTO da Arris para a América Latina, Hugo Ramos, esse é um território em que a falta de uma capacidade maior de gerenciamento por parte das operadoras tem tornado a experiência dos usuários menos satisfatória do que poderia ser, problema que tende a se agravar na medida em que os planos de serviço caminham para velocidades de Gigabits. A Arris é hoje a principal empresa fornecedora de equipamentos de TV por assinatura (set-tops)  e banda larga (CPEs) para operadores de cabo. No entendimento de Ramos, a rede WiFi dos usuários é hoje um território pouco administrado, pois em geral a operadora só se preocupa em instalar o hot-spot principal. "Os consumidores adquirem por conta própria repetidores para resolver os problemas de cobertura e têm pouca ou nenhuma preocupação em configurar adequadamente o ponto principal. O resultado final é uma experiência muito aquém da que se poderia ter com uma rede mais gerenciada diz Ramos. "Pensar em uma camada de controle para a rede WiFi doméstica é essencial". Segundo ele, esse passo é essencial para o momento em que as operadoras passam a adotar uma distribuição de conteúdos completamente baseada em IP e em que cada aparelho doméstico, dos vários celulares às TVs, passando por computadores e tablets, passam a ser um ponto de consumo de conteúdo.

Ramos lembra que o ambiente WiFi é também um espaço aberto em que outros provedores de serviço, com equipamentos próprios, estão ocupando espaço. É o caso de caixas com assistentes pessoais (como o Alexa da Amazon e a recém lancada caixa da Apple), e isso é positivo. "Mas as operadoras de telecomunicações estão perdendo essa mesma oportunidade de oferecer mais serviços aos clientes".

Para Hugo Ramos, os operadores precisam ter em mente a necessidade não apenas de levar o acesso final ao usuário como de estender a rede, estabelecer uma camada de controle e gerir  novos serviços. As empresas de Internet não precisam se preocupar com as três primeiras etapas, já que funcionam sobre a rede de banda larga de terceiros (OTT), mas têm tirado proveito do controle e gestão dos conteúdos.

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A Arris, vale lembrar, está em processo final de aquisição da Ruckus, uma empresa que acabou se especializando em soluções de WiFi para  cliente final (residencial ou corporativo). A Ruckus é forte defensora do conceito de "offload" do tráfegode dados das redes móveis em cima de redes WiFi. A empresa tem apostado na faixa de 3,5 GHz (que no Brasil é licenciada) para soluções mais robustas de acesso WiFi, que serão necessárias sobretudo para o ambiente de Internet das Coisas.

Para Hugo Ramos, é essencial que as operadoras de banda larga, além de ganharem o controle das redes internas para que a experiência seja a a mais completa possível, que elas também busquem parcerias para o desenvolvimento de serviços digitais. Hoje, por exemplo, operadoras de telecom não têm contato direto com setores que estão sendo mais  inovadores, como empresas financeiras, seguros e segurança e mesmo empresas de conteúdo. "Não é simples para uma operadora de banda larga desenvolver esse ecossistema de parceiros para novos serviços digitais", explica ele. A Arris, como é tendência no mercado de equipamentos, tem adquirido dezenas de empresas inovadores na esperança de ampliar o portfólio.

Segundo Chis Williams, VP de desenvolvimento de negócios da Connected Insites, a casa dos usuários passou a ser um território de batalha dos grandes gigantes de Internet e das empresas de telecomunicações. Segundo ele, é possível a operadores tradicionais alcançarem resultados de negócio satisfatório de inovarem em serviços digitais como monitoramento doméstico e soluções de segurança. "É uma conta que se paga não apenas com os serviços em si, mas com a possibilidade de estimular os usuários a fazerem upgrades para planos mais caros", diz.

Charles Cheevers, CTO de customer premises da Arris, ressalta que o processo de controle da distribuição do sinal WiFi dentro da casa é, de certa uma forma, um caminho necessário para o momento em que as redes de cabo adotem uma distribuição all IP. Isso vem em conjunto com um processo natural de evolução da rede de distribuição, que passa pela infraestrutura de rede e a tendência de levar a fibra diretamente para os usuários de maior consumo (algo entre 10% e 15 da base hoje) até uma infraestrutura doméstica e de última milha preparada para aplicações 5G.

A tecnologia de controle normalmente será realizada a partir do gateway principal, mas existe uma lógica na escolha e montagem da arquitetura de repetidores WiFi que precisa ser pensada e planejada, de preferÊncia por uma equipe especializada, e passa pelo uso de ondas milimétricas (acima de 60 GHz) para algumas aplicações, repetidores tri-banda e outras soluções.

As discussões aconteceram durante o Executive Leadership Forum da Arris, que acontece esta semana em Miami.

2 COMENTÁRIOS

  1. Uma rede Wi-Fi mal instalada é o mesmo que não ter uma rede. Não saber se o seu vizinho usa o mesmo canal de sinal Wi-Fi que o seu pode representar perdas significativas e até a ausência de sinal em parte da residência! Muitas pessoas reclamam que a velocidade não chega, mas isso muitas vezes está errado! O sinal chega à casa do cliente mas se perde no ar!

    Eu sei que não é tendência (estamos cada vez mais sem-fio) e até muitas vezes incômodo, mas eu gosto de conexões à cabo. É realmente possível levar Wi-Fi a uma TV rodando streaming 4K sem a rede sofrer abalos? Hoje em dia chegamos a ter tranquilamente mais de 10 dispositivos conectados à rede! Pelo menos para tráfego pesado, prefiro usar cabo!

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