A agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou diversas notas de crédito da Oi nesta quinta-feira, 29, em função da empresa estar atravessando, em sua análise, uma fase de deterioração financeira "acentuada por uma queima de caixa acima das expectativas".
Na prática, o rating nacional de longo prazo da Oi caiu de "CCC-(bra)" para "C(bra)". A agência também reduziu a nota de longo prazo em moeda estrangeira e local de "CCC-" para "C".
Além disso, a Fitch rebaixou o rating das notas superseniores com garantia e vencimento em junho de 2027 (no valor total de US$ 655 milhões) e das notas payment-in-kind (PIK) subordinadas com garantia e vencimento em dezembro de 2028 (no montante de US$ 1,4 bilhão) para "C/RR4", ante "CCC-/RR4".
Segundo a Fitch, para evitar a inadimplência, a Oi tem solicitado adiamento de dívidas (waivers), o que sinaliza "um risco de crédito excepcionalmente elevado e deterioração das condições de pagamento do bond 2027 e das debêntures de propriedade da V.tal".
Para a agência, esse processo pode gerar uma situação crítica de troca de dívidas, provocando "a urgente necessidade de gestão de liquidez por parte da Oi".
Participação na V.tal
Conforme o relatório, a Fitch espera que a Oi venda a sua participação na V.tal no ano que vem – a operadora, vale lembrar, detém 27,5% do capital da empresa de rede neutra, participação que foi avaliada quando o plano de recuperação judicial foi aprovado em cerca de R$ 13 bilhões.
Segundo a agência, "atrasos no desinvestimento podem levar a um acúmulo adicional de cupons e aproximar a empresa das datas de vencimento das notas supersioniores e das debêntures", previstas para junho de 2027.
Contudo, a Fitch ressalta que as condições de mercado determinarão o quanto a Oi obterá com a venda de toda a sua participação na V.tal. "Dependendo do preço de venda, a Oi pode eliminar R$ 650 milhões em obrigações de contratos take-or-pay sem garantia com fornecedores e amortizar parte da dívida roll-up", diz a Fitch.
Ebitda, imóveis e arbitragem
Na avaliação da Fitch, a Oi deve continuar queimando caixa durante 2025 e 2026, sobretudo em função do EBITDA negativo relacionado à operação de telefonia fixa.
A projeção da firma é de EBITDA negativo de aproximadamente R$ 2 bilhões em 2025 e R$ 500 milhões em 2026.
Além disso, a agência aponta que a Oi deve continuar solicitando adiamento de dívidas, "até conseguir vender parte significativa de sua carteira de ativos", incluindo a participação na V.tal e quase 7,5 mil imóveis, avaliados em cerca de R$ 5 bilhões.
"Os recursos destas vendas reduzirão as obrigações de contratos take-or-pay com fornecedores e, na sequência, amortizarão o bond 2027, as debêntures (se ainda houver valor remanescente), a dívida roll-up e serão direcionados às operações da companhia. Além disso, a alienação eliminará custos fixos de manutenção destes ativos", resume.
Por fim, a agência de rating considera a resolução do processo de arbitragem da Oi com a Anatel "crucial para a recuperação financeira da empresa". Um acordo pode liquidar R$ 8,5 bilhões em multas com o regulador e suspender obrigações onerosas de telefonia fixa.