A agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) Global rebaixou a nota de crédito da Algar Telecom e de suas emissões de títulos de "brAA+" para "brAA", conforme relatório divulgado na noite de segunda-feira, 28. A perspectiva é estável.
O rating da operadora foi revisado para baixo em função dos "resultados abaixo do esperado em 2024", do "desempenho mais fraco no segmento B2B" e, principalmente, pela "alavancagem acima das expectativas" e "margens ainda fracas", informou a agência.
Em sua avaliação, a S&P Global destacou que, no ano passado, a Algar reportou margem EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustada de 34,5% e dívida líquida ajustada sobre EBITDA de 3,8x. Contudo, a agência estimava margem mais elevada (42%) e alavancagem em nível mais baixo (3,2x).
"Como resultado, a redução esperada na alavancagem deverá ocorrer de forma mais lenta, com dívida líquida ajustada sobre EBITDA se mantendo acima de 3,0x nos próximos anos", apontou.
Vale lembrar que, no ano passado, a Algar registrou prejuízo líquido de R$ 331 milhões, mais do que o dobro da perda de 2023. A empresa atribuiu o resultado negativo ao desempenho operacional e às despesas financeiras. Inclusive, como mencionado pela S&P como fator adicional para queda do rating, as receitas corporativas, carro-chefe da operadora, ficaram apenas estáveis em 2024 (+0,2%).
"O desempenho mais fraco no segmento B2B (business-to-business) e as despesas relacionadas à revisão dos processos contábeis e de controles internos prejudicaram as métricas operacionais da Algar Telecom em 2024. Apesar disso, não prevemos novas questões de gestão e governança que possam afetar nossa avaliação da qualidade de crédito da empresa", sinalizou a agência.
Projeção
Apesar do rebaixamento do rating da Algar, a S&P projeta "recuperação consistente das margens nos próximos trimestres, com redução gradual da alavancagem", o que justifica a perspectiva estável para a nota de crédito da operadora.
Nesse sentido, a agência indica que a empresa deve reportar margem EBITDA de aproximadamente 39% neste ano. A dívida líquida ajustada sobre EBITDA ainda deve permanecer acima de 3,0x, mas com "redução gradual para menos de 3,0x em 2027".
Em suas projeções, a S&P ainda estima que a Algar continue gerando fluxo de caixa operacional superior a R$ 500 milhões por ano, com expansão da base de cliente sem desembolsos significativos para ampliação da rede de fibra. A perspectiva para o fluxo de caixa operacional livre (FOCF, na sigla em inglês) é positiva para os próximos anos.
"Esperamos que a Algar Telecom intensifique o foco na recuperação do B2B em 2025, com estratégias de marketing direcionadas e ampliação dos serviços e soluções integradas para empresas, o que deverá gerar maior fidelidade dos clientes com baixo investimento adicional", destaca a agência. "Também esperamos que o bom acesso ao mercado de capitais viabilize o contínuo refinanciamento da dívida e a manutenção de uma posição de liquidez confortável", acrescenta.
Posicionamento
Também na segunda-feira, a Algar comunicou o mercado sobre o rebaixamento do rating. Em uma curta nota, a operadora mineira salientou que a agência utiliza uma metodologia diferente para avaliar os indicadores operacionais e financeiros.
"A Companhia destaca que as principais métricas da S&P são ajustadas, conforme metodologia da agência e, assim, os valores dos indicadores Dívida Líquida/EBITDA e EBITDA/Resultado Financeiro Líquido diferem dos valores apurados pela Companhia conforme estabelecidos em suas escrituras de emissões", disse a tele.