A rápida migração de feature phones para smartphones no Brasil não está apenas aumentando o volume de tráfego de dados móveis, mas também a quantidade de usuários conectados simultaneamente a uma mesma célula. Com aplicativos instalados que trocam informações constantemente com seus servidores, as operadoras móveis estão tendo que lidar com uma explosão de devices se comunicando com sua rede, o que gera um novo tipo de gargalo. Na Vivo, a quantidade de usuários conectados simultaneamente está crescendo em média três vezes por ano, informa Átila Branco, diretor de transmissão e acesso da companhia. O tráfego móvel, por sua vez, cresce mais devagar, mas ainda assim a passos largos: entre 70% e 100% por ano, dependendo da região. Tornar as redes capazes de lidar com mais usuários conectados simultaneamente virou uma prioridade ainda mais importante que a garantia de velocidade, para muitas teles. O assunto apareceu em várias discussões durante os painéis do evento LTE Latin America, realizado nesta terça-feira, 29, no Rio de Janeiro.
"O desafio não é mais o throughput, mas a quantidade de sessões simultâneas", disse Nestor Bergero, CTO da Nextel Brasil. "Usuários simultaneamente conectados em horário de pico é nossa métrica principal agora", concordou Martín Piñeiro, diretor de tecnologia da operadora argentina Telecom Personal.
É importante lembrar que existem diferentes conceitos de "usuário conectado". Um deles é o usuário cujo device está apenas fazendo contatos com a rede de sinalização, mesmo enquanto está "adormecido". Outro é aquele que efetivamente está fazendo uso de recursos de rádio da rede, ou seja, trafegando dados. O aumento de três vezes por ano no caso da Vivo diz respeito a esta segunda definição. A capacidade de cada rede depende da versão de 3G e 4G dos equipamentos. A quantidade de espectro, por sua vez, não faz diferença, explica o CTO da Huawei para América Latina, José Augusto de Oliveira Neto.
Uma das saídas para aumentar a capacidade de sessões simultâneas pode ser a migração para o 4G, pois o padrão LTE permite mais conexões ao mesmo tempo que o 3G, sugere Estebán Diazgranados, diretor de wireless para América do Sul da Alcatel Lucent. A adoção de small cells e de seis setores por macrocélula também. "Não descartamos small cells, mas é preciso uma integração gradativa com a infraestrutura legada. Tem que acontecer de forma transparente para o usuário. A adoção de seis setores também está em discussão, quando aplicável", disse Branco.