Oi passa teto de 3x dívida líquida/EBITDA, mas manterá dividendos

O mercado financeiro aguardava com certa apreensão a divulgação dos resultados financeiros da Oi do primeiro trimestre do ano. A dúvida era se a operadora conseguiria manter sua política agressiva de pagamento de dividendos e, ao mesmo tempo, fazer frente à demanda por pesados investimentos (Capex) sem fazer com que seu endividamento líquido ultrapassasse a relação de 3x a geração de caixa da companhia, medido pelo EBITDA. A dúvida de certa maneira ainda não foi sanada.

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Mesmo realizando amortizações e vencimentos no trimestre, a Oi aumentou sua dívida líquida ao fazer uma nova emissão de debêntures (de R$ 1,5 bilhão) e sacar R$ 117 milhões de agências de fomento à exportação, encerrando março com uma relação de 3,05x a dívida líquida sobre o EBITDA. A dívida líquida ficou em R$ 27,5 bilhões, enquanto o EBITDA foi de R$ 2,15 bilhões.

A justificativa da Oi é que a operadora teve de antecipar alguns investimentos, que totalizaram R$ 1,8 bilhão nos primeiros três meses de 2013 e pagou R$ 914 milhões referentes à segunda parcela dos dividendos de 2012.

A Oi garante, todavia, que mesmo a relação entre endividamento e EBITDA tendo encerrado o trimestre em 3,05x, "um pouco acima do limite de 3,0x imposto pelo Conselho de Administração para autorizar o pagamento de dividendos", (…) "tanto a companhia como seu conselho estão comprometidos em manter a política de remuneração aos acionistas, e a Oi trabalha com a expectativa de venda de ativos não estratégicos nos próximos trimestres, que devem trazer a relação dívida líquida/EBITDA para abaixo deste limite no curto prazo".

Demais indicadores financeiros

Na comparação anual entre trimestres, a Oi fechou março com melhoras em quase tudo, exceto no lucro líquido. A receita líquida cresceu 3,5% no ano, para R$ 7,04 bilhões; o EBITDA subiu 6,6% no mesmo período, para R$ 2,15 bilhões; e a margem EBITDA passou dos 29,7% ao final de março de 2012 para 30,5% neste trimestre último. O lucro líquido do primeiro trimestre de 2013 foi de R$ 262 milhões e, segundo a Oi, não pode ser comparado ao lucro de R$ 444 milhões dos primeiros três meses do ano passado "em decorrência da conclusão da reorganização societária em 27 de fevereiro de 2012". O valor de R$ 444 milhões já refletem o estorno da mais valia de ativos originada da aquisição de controle da Brasil Telecom em 2009 autorizado recentemente pela CVM. A companhia reafirmou ainda o guidance de UGRs, receita de serviços e crescimento do EBITDA para o ano de 2013.

O que preocupa

O que preocupa o mercado é que a Oi vem pagando mais dividendos do que tem lucrado, tendo de se endividar para remunerar seus acionistas, e agora que esse limite chegou, embora a operadora prometa vender ativos não estratégicos para gerar caixa, até essa alternativa tem um limite. É preciso agora esperar para ver como o mercado reagirá após a conferência de resultados da manhã de terça-feira. As políticas de dividendos das operadoras de telecomunicações com capital aberto na Bolsa de Valores de São Paulo, bem como os questionamentos do mercado financeiro são tema de reportagem da TELETIME de abril, que já está em circulação.

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