Com expectativa de concluir em junho uma prova de conceito utilizando o chip neutro do Internet Brasil, a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) acredita que uma escalabilidade do programa pode atrair operadoras móveis para parcerias com as MVNOs selecionadas no projeto.
Em encontro de fornecedores realizado nesta quarta-feira, 29, em Campinas pela entidade (responsável pela execução do Internet Brasil sob contratação do MCom), o gerente de soluções da RNP, Helder Vitorino, fez atualizações sobre a iniciativa. No momento, cerca de seis mil benefícios de até 10 mil previstos na prova de conceito já foram entregues.
A primeira leva teve como destino escolas em seis cidades do Nordeste, enquanto o excedente deve ser destinado para três instituições de ensino em Minas Gerais. Até junho, a RNP espera ter diagnóstico sobre as dificuldades e facilidades do modelo – considerado inovador por pressupor um chip neutro com acesso a múltiplas redes móveis via eSIM.
A validação da "troca" entre redes é um dos pontos que a executora do projeto espera avaliar. Hoje, as duas MVNOs contratadas em licitação para o Internet Brasil são baseadas em redes da TIM, mas uma delas – a Nuh! – também tem acordo com a Algar Telecom. A partir disso, a troca entre redes poderá ser testada pela RNP (ao passo que a troca de perfis elétricos entre as duas MVNOs já foi validada).
Confirmada a viabilidade, a organização espera que acordos comerciais surjam entre as fornecedoras de conectividade atuais e as teles. "Temos expectativa que isso se resolva no âmbito das MVNOs, se não vamos ver como provocar isso. Mas na medida que terminar a prova de conceito e começar a escalar, a operadora como empresa comercial vai ver que tem mercado e naturalmente vai [entrar]", avaliou Vitorino, em entrevista ao TELETIME.
A contratação, contudo, seguirá restrita a empresas que oferecem pacotes de dados no mercado, relembrou o profissional. Neste sentido, a cautelar da Anatel que a Base Soluções (fornecedora da plataforma de gerenciamento do Internet Brasil) obteve para negociar capacidade no atacado com operadoras móveis não teria relação alguma com o projeto tocado pela RNP, reiterou Vitorino. A cautelar da Base se refere a licitações em Alagoas e Amazonas, sem relação com o Internet Brasil.
Timing
Com os recursos iniciais do projeto (cerca de R$ 139 milhões), o gerente da RNP calcula que o custeio de 550 mil chips até março de 2024 estaria garantido. Depois disso, aportes adicionais do governo, doações, investimentos de impacto social e mesmo contrapartidas financeiras, físicas ou de serviços de empresas (inclusive metas regulatórias das próprias operadoras) são fontes vislumbradas para a iniciativa.
O timing da distribuição de chips, contudo, dependerá das escolas beneficiadas pelo projeto (responsáveis pela identificação de beneficiários e distribuição do recurso) e das redes de ensino locais. A RNP também avalia formatos para que os atores pedagógicos de ensino tenham controle de segurança e restrição de acesso sobre conteúdos, além de maneiras para, futuramente, permitir que alunos egressos do programa possam continuar como usuários dos serviços. (O jornalista viajou para Campinas convidado pela RNP)