'Imunidade parlamentar' em redes sociais pode ampliar circulação de fake news, diz ITS

Gerd Altmann / Pixabay

O Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS) acredita que a forma como está proposta a "imunidade parlamentar" no PL 2.630/2020, o PL das Fake News, deputados e senadores terão passe livre para usar suas contas para ampliar a disseminação de notícias falsas e desinformação nas redes.

O texto apresentado no último relatório do projeto de lei, divulgado semana passada, transporta a previsão do art. 53 da Constituição Federal, que garante que deputados e senadores são invioláveis, penal e civilmente, por suas opiniões, palavras e votos para as redes sociais. "A imunidade assegura que deputados e senadores não possam ser processados por suas manifestações no exercício do mandato, mas é fácil perceber como esse dispositivo vai desestimular que empresas de redes sociais atuem para moderar o conteúdo publicado por congressistas."

Remuneração de conteúdos jornalísticos

Notícias relacionadas

Outro problema apontado pela entidade envolve a remuneração de conteúdos jornalísticos. Segundo o ITS, a discussão desse assunto é complexo e transcende o escopo de um projeto de lei originalmente destinado ao combate da desinformação. A entidade diz que isso pode privilegiar apenas as grandes empresas de comunicação.

"Existe não só o risco de os provedores passarem a remunerar apenas um punhado de grandes grupos de mídia, aumentando a concentração no setor, como também existem incertezas sobre quais conteúdos serão reputados como jornalísticos para fins de remuneração. A iniciativa australiana já demonstrou como a remuneração pretendida pode não chegar na ponta do jornalismo local e independente", explica a entidade de pesquisa do Rio de Janeiro.

A depender dos resultados desse debate, diz o ITS, os provedores poderão ser obrigados a remunerar veículos que se valem de uma roupagem jornalística para espalhar notícias falsas e desinformação. "Nesse sentido, vale destacar que o PL prevê pagamento para "pessoa jurídica, mesmo individual", ampliando o alcance da norma. Afinal de contas, quem vai decidir o que é conteúdo jornalístico?", questiona o ITS.

Moderação de conteúdos

Outro problema que o ITS detecta no texto envolve as regras de moderação de conteúdos. Para a entidade, o PL traz uma inovação, ao exigir que as empresas informem semestralmente as características gerais das equipes envolvidas na aplicação de termos e políticas de uso em relação a conteúdos gerados por terceiros, incluindo número de pessoas envolvidas na atividade, modelo de contratação, bem como estatísticas sobre seu idioma de trabalho, qualificação, indicativos de diversidade atributos demográficos e nacionalidade. "Provedores vão entregar o ouro para o bandido ao informar sobre moderação de conteúdo automatizada", argumenta o ITS.

Confira aqui outros pontos defendidos pela organização.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!