InfraCo aposta em economias, mas ainda consumirá caixa da Oi antes da venda

Operando individualmente e já se posicionando como rede neutra, a InfraCo, unidade produtiva isolada da Oi que está com parte do capital à venda, teve a estratégia financeira mais detalhada pelo CEO da operadora, Rodrigo Abreu, em teleconferência de resultados nesta segunda, 29. A companhia espera aproveitar a larga escala da rede de fibra para avançar nas economias de custo, mas ainda precisará consumir recursos antes da finalização da transação. Até lá, a empresa pretende obter outras fontes de financiamento com o desinvestimento dos demais ativos estratégicos, além de recursos com dívida da própria InfraCo.

A InfraCo atualmente é a Brasil Telecom Comunicação Multimídia (BTCM), que ainda é subsidiária integral da Oi – a operadora, por meio da BTCM, anunciou em fevereiro a emissão de R$ 2,5 bilhões em debêntures para financiar a InfraCo. Além dos ativos, segundo Abreu, toda a operação de atacado já foi mobilizada para a InfraCo. "Já está em novo modelo, com entidade completamente independente, com chinese walls", declarou o CEO. Essa separação é o que a empresa coloca como garantia da rede neutra.

Segundo o executivo, a questão é que a InfraCo ainda consome o caixa da Oi enquanto não tem o controle vendido. "Vai ser um grande gerador de caixa no futuro, mas ainda estamos nos anos de construção", declara. Isso porque a companhia tem o compromisso de alcançar 5 milhões de casas passadas (HPs) por ano, chegando ao total previsto para o final de 2023. "Em 2024, a situação estabiliza em consumo de caixa." 

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Recursos

Com a venda de ativos, a Oi estima capitalizar pelo menos R$ 27 bilhões no total com recursos adicionais. Mas há outras opções de financiamento: a empresa já tem previsto no aditamento do plano da recuperação judicial a antecipação parcial de R$ 5 bilhões da venda da Oi Móvel, além de financiamentos de R$ 2 bilhões com flexibilidade de ofertas de garantias e mais R$ 2 bilhões sem essa flexibilidade. Há também mais a opção de flexibilidade para financiamentos adicionais garantidos por ações da InfraCo, emitindo títulos de dívida. 

O desinvestimento da operação da InfraCo, que deverá superar um total de R$ 20 bilhões, envolve R$ 6,5 bilhões em dinheiro, mais R$ 2,4 bilhões de dívida com a Oi. As negociações exclusivas com o BTG Pactual para obter o potencial "right to top" no leilão judicial ainda continuam. Segundo o comunicado desta segunda-feira, a operadora já trabalha com o percentual de venda de 51% do capital, que era a cota máxima estimada. A ideia é que o novo sócio seja o controlador.

Os recursos deverão ser aliar à venda de outras unidades, como a de data centers (R$ 325 milhões, para a Piemont Holding), já finalizada, e a de torres (R$ 1,067 bilhão, para a Highline Brasil), que deverá ter fechamento nos próximos dias, segundo Abreu. A aprovação regulatória da Anatel e concorrencial do Cade para a Oi Móvel, vendida por R$ 16,5 bilhões para Claro, TIM e  Vivo, só deverá acontecer no último trimestre.

Interessante notar que na apresentação dos resultados, a Oi não chegou a mencionar a alienação da TVCo, a unidade de TV por assinatura, especialmente DTH. A operação tem preço mínimo de apenas R$ 20 milhões, mas conta com a obrigação de honrar um contrato de R$ 2 bilhões para uso do satélite da SES.

Fibra por todo lado

Ao todo, considerando operação residencial e de atacado, a fibra representou 65% do Capex da operadora durante o ano (R$ 7,299 bilhões). Mas a estratégia também passa pela otimização de custos com a instalação da rede. Rodrigo Abreu lembra que no plano industrial inicial, anunciado em 2019, a estimativa era de um custo de R$ 300 por casa passada e R$ 900 por casa conectada, totalizando assim R$ 1,2 mil por toda a instalação do FTTH. Por meio de redução de custo com a escala da infraestrutura, agora o executivo estima esses mesmos gastos em "significativamente menos de R$ 300" por HPs, e menos de R$ 600 por HCs, totalizando "menos de R$ 900 hoje". 

A redução é possível com a economia de escala, que afeta nos custos do equipamento, inclusive cabo de fibra, conectores e eletrônicas diferentes na ponta da operadora e na do consumidor (na CPE instalada na casa do usuário). Também há melhora na produtividade da instalação, com os times que fazem os HPs e HCs aumentando a taxa de casas conectadas por dia. Abreu afirma que nesse ponto houve melhora de 15 a 20%. 

Por outro lado, o ganho de escala se traduz em melhores condições de contratos. Com a rede de mais de 400 mil km de fibra, a companhia consegue "acordos de prazo muito longos".

"Quando olhamos para as casas que serão conectadas nos próximos anos, ainda tem espaço para redução em equipamentos, talvez com mudança de arquitetura", avalia, embora ressalte que o modelo atual continua satisfatório. O ritmo do progresso também agrada, diz o executivo, e permite que se tenha aumentado a previsão de 24 milhões para 32 milhões de HPs até 2024, considerando ambas a Oi e a InfraCo.

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