Além de anunciar a intenção de aportar R$ 1 bilhão no Brasil durante os próximos cinco anos de olho no potencial do 5G, a Ericsson aproveitou uma visita de cortesia feita nesta semana ao presidente da República, Jair Bolsonaro, para destacar a importância de um "cronograma correto" para o leilão de espectro para quinta geração.
"Se postergar demais, o Brasil fica para trás, o que seria ruim para o País", pontuou o presidente da Ericsson Latam Sul, Eduardo Ricotta, em conversa com este noticiário. "Há todo um impacto na inovação. Dou o exemplo do Spotify, que só foi criado porque alguém viu que na rede 4G era possível fazer streaming de música, além de outras plataformas, como o Uber. No 5G [o impacto] vai ser igual, chegando em áreas como o agro e telemedicina".
"Nós já estamos defasados em relação a alguns países", prosseguiu Ricotta. Segundo o executivo, mesmo na América Latina há chance do Brasil ter um gap em relação aos vizinhos. "Se há possibilidade de alguém lançar antes é o Uruguai, porque as licenças estão andando mais rápido do que aqui". Lá, uma rede comercial da estatal Antel já chegou a ser lançada, mas com cobertura reduzida.
A Ericsson ainda reiterou que a criação da linha de montagem 5G em São José dos Campos vai atender toda a América do Sul; a previsão é que a compra de maquinários leve de seis a oito meses. "Teremos várias linhas de produção, porque têm frequências que preciso [de produtos para suprir] na América Latina, mas que não uso no Brasil", explicou Ricotta. No Uruguai, por exemplo, o 600 MHz é uma das opções consideradas para o 5G, mas que no Brasil não será utilizada.
"E não vamos produzir só rádio, mas core 5G também", completou o presidente da fornecedora sueca para Latam Sul. De acordo com Ricotta, a atuação da Ericsson no Brasil (onde a empresa completou 95 anos de presença em 2019) é uma exceção dentro do País, visto que 40% do produzido em solo brasileiro tem a exportação como destino, em patamar mais elevado que a média nacional.