A possibilidade da chegada de um entrante no mercado móvel brasileiro a partir do leilão 5G (como ensejado pela Anatel) é vista como pequena por consultores do setor de telecomunicações que participaram de debate no primeiro dia da Futurecom, nesta segunda-feira, 28. Para os especialistas, caso um novo player ingresse no País, será para explorar o mercado B2B.
"Acho pouco provável que tenha um novo player móvel. É cada vez mais difícil considerando cenário no qual perdemos 40 milhões de linhas. Boa parte eram chips subutilizados, mas para quem olhar setor, em termos de varejo massivo, saturou", afirmou o analista principal da Ovum na América Latina, Ari Lopes. "Agora operadoras de nicho no mercado B2B, para aplicações específicas, eu acho que a gente pode ver. Mas ainda assim, tem muita coisa para acontecer para que isso se materialize".
Presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude seguiu linha semelhante e lembrou que o governo já teria realizado outras tentativas (mal-sucedidas) de atração de um quinto player para o mercado móvel. "Mas 5G não é só para o consumidor final. É possível atacar o mercado B2B, principalmente quando tiver o novo código, com [network] slicing e possibilidade de redes privadas para indústrias".
"Na Alemanha está se separando um pequeno espaço do espectro para as redes privadas e nesse espaço pode haver novos entrantes [também no Brasil]. Mas agora, no mercado móvel de consumo, o caminho para mais players é através das MVNOs, que ainda não estão muito desenvolvidos. O incentivo tem que ser nesse sentido", completou Tude.
Vale lembrar que na proposta preliminar apresentada no último dia 17, o conselheiro Vicente Aquino (relator do edital 5G) sugeriu a qualificação do leilão no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) como forma de viabilizar um entrante, inclusive entre players estrangeiros.