Cidade de São Paulo apresenta desigualdade no acesso à banda larga

Foto: Pixabay

Um estudo do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) identificou que, assim como na distribuição no País, a desigualdade na maior metrópole brasileira ocorre com intensidade nas diversas regiões. A pesquisa "Desigualdades Digitais no Espaço Urbano: Um estudo sobre o acesso e uso da Internet na cidade de São Paulo" divulgada nesta segunda-feira, 28, coletou indicadores de 32 subprefeituras e apontou que, mesmo na capital mais rica do País, existe carência de acesso e infraestrutura com relações entre exclusão digital e exclusão social, o que fica ainda mais acentuada em áreas vulneráveis socioeconomicamente. 

Nos indicadores como proporção de usuários de Internet, acesso à banda larga nos domicílios e diversidade de atividades realizadas online, as microrregiões mais afastadas (Leste 2, Norte 2 e Sul 2) mostram os piores índices de desempenho.

Cerca de um quarto (25,8%) dos domicílios paulistanos possuem acesso à banda larga superior a 4 Mbps. Enquanto no centro expandido essa proporção chega quase à metade (49,7%), na zona Norte 2 (próximo aos municípios de Guarulhos, Mairiporã e Franco da Rocha, além da região da Cantareira). Considerando o acesso individual, 79,7% da população em São Paulo utilizou a Internet. A região com maior penetração é a Norte 1, com 93,2%, enquanto o Leste 2 possui um índice de 70%. 

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A velocidade também varia conforme a distribuição da infraestrutura. A Zona Sul 1 é a que apresentou maiores taxas, seguida da Zona Oeste e da região do Centro Expandido. Por outro lado, nas zonas Leste 2 e Sul 2, a conexão apresentava média de download inferior.

Uma exceção foi a subprefeitura de Perus, distrito da zona noroeste da capital paulista. "Apesar de ser uma região socioeconomicamente menos favorecida, com altos índices de exclusão social, pudemos verificar um baixo índice de exclusão digital. Isso poderia ser explicado pela grande presença de jovens nessa região, que acaba impulsionando o uso da Internet e a realização de atividades on-line", declara em comunicado o gerente do Cetic.br, Alexandre Barbosa. 

Também chamaram atenção dos pesquisadores as subprefeituras de Campo Limpo (Zona Sudoeste) e M'Boi Mirim (Zona Sul). Isso porque apresentam baixa concentração de idosos (em relação à media paulistana) e desempenho mediano nos indicadores de mortalidade infantil e de concentração de áreas residenciais de baixo padrão, mas que estaria associadas a "questões geográficas" – como ficam em locais de difícil acesso de infraestrutura de banda larga, apresentaram indicadores digitais piores.

A cidade tinha em 2018, segundo a Prefeitura, 134 telecentros, que realizam cerca de 164 mil atendimentos mensais. O conjunto de atividades custou no ano passado R$ 4,5 milhões, com estimativa de cerca de R$ 2,7 mil mensais por cada centro (a pesquisa entende que parte dos locais não está em funcionamento). As iniciativas de inclusão digital, como o programa Wi-Fi Livre, estariam endereçando os locais corretos de São Paulo, incluindo o Centro Expandido da capital. "No entanto, tudo isso tem sido insuficiente para que algumas das variáveis de inclusão digital (…) tenham superado as desigualdades históricas observadas em diferentes indicadores sociais entre os territórios da cidade", diz o levantamento. 

"As diferenças internas observadas na cidade apontam mais uma vez para a necessidade de se promover políticas públicas locais que se atentem à diversidade do território e tragam respostas mais eficientes para cada localidade, tanto como tentativa de se equalizar minimamente as oportunidades entre os diferentes grupos sociais na cidade, como para evitar que mais uma dimensão de exclusão se reproduza e intensifique ao longo do tempo, gerando ainda mais segregação social", destaca o documento.

O estudo teve apoio do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) e suporte metodológico do projeto "DiSTO – From Digital Skills to Tangible Outcomes", da London School of Economics (LSE). O documento completo, que inclui análise de apropriação das TICs em cidades como Londres (Inglaterra) e Los Angeles (EUA) pode ser baixado em PDF clicando aqui

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