A crise financeira não deve afetar a introdução da TV digital no Brasil no curto prazo. Pelo menos é o que pensam os executivos das indústrias de equipamentos. Segundo o vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Gradiente, Moris Arditti, que é também membro da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) e vice-presidente do Fórum SBTVD, os eletro-eletrônicos encomendados pelos varejistas para o final de ano já estão prontos ou em produção. Para ele, não há a possibilidade de aumento de custos neste momento. "Os componentes foram comprados antes da alta do dólar. Talvez algum varejista queira indexar pelo dólar, mas a concorrência deve inibir isso", afirmou. Segundo ele, deve haver um esforço para divulgar a TV digital nos próximos meses. "O Fórum SBTVD está preparando uma concorrência com agências de publicidade para uma campanha", disse.
A expectativa de Arditti é que a base instalada de televisores digitais até o final do ano seja de 150 mil receptores fixos e 150 mil receptores móveis. Segundo ele, cada receptor fixo impacta em quatro telespectadores, enquanto os receptores móveis são de uso individual. Portanto, até o final do ano, serão 650 mil telespectadores da TV digital aberta.
A alta do dólar também não deve inibir os planos dos radiodifusores que pretendem iniciar as transmissões digitais no curto prazo. Segundo Paulo Castelo Branco, vice-presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), os radiodifusores que pretendem iniciar as transmissões nos próximos seis meses já compraram seus equipamentos. "Talvez tenham que liberar os equipamentos na alfândega com o dólar mais alta do que estava quando fizeram a compra", disse, apostando ainda que o câmbio caia ao patamar de R$ 1,9 por dólar. "Que é o que a indústria vinha pedindo antes da crise".
Os executivos participaram nesta terça, 28, de painel na Futurecom, evento de telecomunicações que acontece esta semana, em São Paulo.