Setor de telecom pede ambição e urgência na agenda ESG

Vice-presidente de compliance da Oi, Renata Bertele

O setor de telecomunicações entendeu que a pauta de governança corporativa, de ambiente e socialmente inclusiva (ESG) não são apenas caros ao ativismo, mas também um diferencial em investimentos. Mas a preocupação é de que ainda seja necessário que isso tenha alcance maior e mais urgente. 

Essa necessidade foi apontada pelo division chief da IDB Invest, Luiz Gabriel Azevedo, durante o último dia do Painel Telebrasil 2021 nesta terça-feira, 28. "Embora estejamos lutando para fazer muito mais, e a indústria de telecom pode ser um pilar, é preciso ambição e urgência. Temos que fazer mais, e mais urgente", declarou.

A vice-presidente de compliance da Oi, Renata Bertele, colocou que o Índice de ESG da B3 ajudam as empresas a cumprirem metas de forma mais pragmática, em vez de deixar que cada organização tenha uma abordagem diferente. "Passa a ser algo mais fundamentado, com o que está sendo feito, como a organização deve atuar", explica. "Não tem [agenda] ESG que não converse com o que queremos  ser, como vamos entregar e como vamos remunerar acionistas", complementa.

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Foco financeiro

O vice-presidente de assuntos regulatórios e institucionais da TIM, Mario Girasole, entende que é preciso entrar na materialidade do que o setor faz. "ESG não é sustentabilidade. São perspectivas diferentes. Interpreto a sustentabilidade como um output, uma correção de externalidade negativa do negócio. No entanto, o ESG evolui para um conceito de input: fazer com que os negócios se abasteçam de insumos que permitam [às empresas] fornecer externalidades positivas".

O foco financeiro também é importante, mas há de se colocar em contexto as iniciativas esperadas das teles, diz Girasole. "Importante que cada empresa faça algo que pode se tornar realmente relevante. A TIM poderia se engajar em plantar árvores, mas talvez não seja este o impacto esperado por uma operadora móvel. Por isso colocamos objetivo financeiro [com a emissão de bonds sustentáveis], vinculado a metas de inclusão e de eficiência de energia."

"Não é questão de escolha das empresas, os clientes é que vão optar", coloca o diretor vice-presidente de tecnologia e evolução digital da Algar Telecom, Luis Lima. Ele cita ainda a atração de talentos como outro impacto: profissionais vão buscar empresas mais conscientes em relação ao ambiente e à diversidade. Lima afirma ainda que a operadora vê no alinhamento da pauta uma oportunidade de ter ganhos financeiros "com propósito".

"O ESG está atrelado à pauta financeira, e a indústria vai se beneficiar também", destaca o vice-presidente de finanças e administração da Claro, Roberto Catalão. Para ele, as companhias de telecomunicações têm papel fundamental nesse debate, e cita como o assunto é importante para a operadora ao lembrar do investimento da ordem de R$ 1,5 bilhão com os programas de sustentabilidade

Papel das teles

Na Vivo, há a preocupação também da inclusão da cadeia de valor, o que significa estender as metas de sustentabilidade para parceiros. O vice-presidente de relações institucionais e sustentabilidade da operadora, Renato Gasparetto, cita que os compromissos podem ser fatores de escolha para clientes. "Não é compulsório para as empresas ter ESG. Mas isso deixou de ser ativismo e emoção, e passou a ser uma busca dos próprios usuários, vira diferencial em investimentos", coloca. 

Como fornecedora, a Huawei entende ser parte da cadeia e na posição de tratar do assunto de forma assertiva. "Nosso compromisso com operadoras e clientes é que a migração [para adoção das metas ESG] seja feita de forma assertiva, com menos uso de recursos e que isso seja feito de forma sustentável", coloca o diretor Luciano Santos do Rego. "Criar a divisão de negócios de sustentabilidade é a forma de mostrar isso para a sociedade".

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