Simplificação de redes IoT traz preocupações com uso eficiente de espectro, diz associação

Laboratório do Instituto Eldorado

A simplificação de instalação de redes de Internet das Coisas traz preocupação para entidades técnicas. A principal questão são os riscos de que sensores e outros equipamentos não homologados entrem no mercado sem níveis adequados, potencializando problemas de interferência com outros serviços. Para o vice-presidente de telecomunicações da Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac), José Eduardo Bertuzzo, não se trata de querer colocar barreira ao desenvolvimento tecnológico, mas se precaver de futuras dores de cabeça.

Em entrevista ao TELETIME, ele disse que há uma "cultura de simplificação, de achar que vai resolver tudo fácil", por parte de startups que montam projetos com redes de sensores importados, mas menosprezando a necessidade de engenharia. "Isso pode gerar um problema seríssimo, e algo que for ineficiente na verdade pode ser apenas falta de controle de casos de uso", avalia.

O argumento é que essas redes devem utilizar dispositivos testados e homologados pela Anatel para oferecer garantias mínimas de convivência no espectro, bem como de desempenho. O que poderia não acontecer com a entrada de produtos sem homologação. "Ninguém está querendo bloquear a inovação, mas quando você compartilha recursos como espectro, tem ciência que não é trivial."

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Entidade que reúne empresas de certificação e inspeção no Brasil, a Abrac estaria justamente na posição de auxiliar esse tipo de etapa para o funcionamento das redes de IoT no País. A associação tem instalações em conformidade com o Inmetro e designados pela Anatel. "Validação e certificação não deveriam ser encarados como burocracia, é um setup mínimo para garantir que precisa ser um mínimo de eficiente", coloca Bertuzzo.

Faixa de 3,5 GHz

O problema de ecossistema irregular e amplo não é tão diferente do que se pode no cenário da disputa pela faixa de 3,5 GHz entre o 5G e os serviços satelitais. Na opinião de José Bertuzzo, a questão da convivência é delicada porque os testes de campo da Anatel precisam solucionar com os filtros LNBF qualquer tipo de interferência. "É muito difícil, visto que é necessário fazer testes de campo, e tem o acordo com as operadoras com 100 MHz de banda de guarda", declara. 

Como se sabe, a diversidade do ecossistema é um entrave, uma vez que a base possui antigos equipamentos de TVRO e, inclusive, aparelhos não homologados pela Anatel. Mas, ao mesmo tempo que a agência precisa garantir a continuidade do serviço de TV aberta pela parabólica, a eficiência do uso do bem escasso que é o espectro precisa ser considerada. "Tivemos o caso da banda de 700 MHz, tudo foi feito para disponibilizar canais, tendo penetração maior. Sempre existência eficiência técnica para melhorar canais, com densidade de bits por Hertz", afirma o técnico. 

Instalações

Parte da Abrac, o Instituto Eldorado conta com um laboratório recentemente incrementado para a tecnologia 5G, inclusive para prestar serviços de certificação de componentes para a Anatel. Entre outros equipamentos, possui duas câmaras semianecoicas (antirreflexiva), instalação de alto valor e que é utilizada para testes de compatibilidade eletromagnética.

"Foi uma aposta que uma instituição como a Eldorado faz na sociedade e infraestrutura para habilitar o ecossistema de coisas que vêm pela frente. Se não tivéssemos essa condição, acabaria tendo dependência externa não desejável", coloca José Bertuzzo. "Consegue-se ter aqui uma infraestrutura que permite a uma empresa média, startup ou grande, atrair e desenvolver soluções inovadoras para o mundo inteiro."

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