A abertura do MWC 2021, que acontece esta semana em Barcelona, marca não apenas a volta do principal encontro da indústria de telecomunicações ao modelo presencial (ainda que grandes restrições) e também a retomada de algumas pautas já conhecidas do setor, mas que acabaram sendo turbinadas pela pandemia. Adjetivos como "essencial", "indispensável" e "fundamentais" foram usados em diferentes discursos para definir o papel das telecomunicações ao longo de mais de 500 dias de pandemia, e o tom foi de que este legado conquistado pelas empresas de telecomunicações veio para ficar.
Mas somado a isso veio um discurso de responsabilidade:
1) responsabilidade digital, em especial em relação a questões de segurança cibernética e proteção de dados pessoais, temas apontados como críticos pela indústria e para os quais o setor de telecomunicações diz estar preparado para lidar justamente porque, tradicionalmente, é um setor baseado na confidencialidade e privacidade das comunicações;
2) responsabilidade ambiental, sendo a conectividade uma peça chave para a redução das emissões de carbono. Segundo dados do setor, as emissões geradas pela indústria de telecomunicações são um décimo das emissões economizadas por outros setores por meio dos benefícios da conectividade; e
3) responsabilidade social, com a missão que a indústria ainda se coloca de conectar mais de 3,3 bilhões de pessoas que estão em áreas cobertas pelas redes de telecomunicações, mas por alguma razão (preço, dificuldade com o conteúdo, receio de uso das redes) acaba não se inserindo. Como disse o CEO da GSMA, Mats Granryd, "nos últimos anos conseguimos reduzir em 1 bilhão de pessoas o déficit de cobertura das redes, mas pouco avançamos em fazer com que aquelas que já estão cobertas mas não têm o serviço se conectassem".
Os dados trazidos pela GSMA são superlativos, de qualquer forma. Quase US$ 900 bilhões serão investidos em redes até 2025, e US$ 700 bilhões serão gerados de receita apenas em 5G até 2030. Como comparação, de 2000 para cá os investimentos acumulados foram de US$ 2,7 trilhões, segundo o CEO da Orange e chairman da GSMA, Stéphane Richard.
A mensagem que a abertura do evento tentou passar foi a de que quando as pessoas se conectam, elas prosperam: segundo a GSMA, 12 meses são suficientes para reduzir em 4% a pobreza de áreas conectadas.