A conectividade digital continua fora do alcance de boa parte da população mundial, especialmente nos países de baixa renda. É isso que mostra o relatório The affordability of ICT services 2024.
O material foi divulgado na última terça-feira, 27, pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) – a agência da ONU especializada em tecnologias da informação e comunicação. O estudo avaliou a acessibilidade econômica de serviços de telecomunicações em 208 países e territórios.
De acordo com a publicação, o custo de uma assinatura básica de banda larga fixa pode chegar a 29,3% da renda mensal per capita nos países de baixa renda. Como é de se imaginar, esse fator torna inacessível o acesso para a maioria da população. Ainda segundo o relatório, esse tipo de conexão permanece limitado a "domicílios abastados" ou a negócios nesses países.
Meta
Para a UIT, embora a banda larga móvel tenha se tornado mais acessível, a Internet fixa continua muito cara em boa parte do mundo. A meta internacional de tornar esses serviços acessíveis (definida como um custo inferior a 2% da renda mensal para 2 GB de dados) está longe de ser atingida por muitos países, mesmo após anos de avanços.
Os países africanos são os que têm o caminho mais longo a ser percorrido. Em Moçambique e no Senegal, por exemplo, a proporção da população que paga menos de 2% da própria renda mensal por Internet móvel é de apenas 10%.
No Brasil, 2 GB de banda larga móvel representam menos de 2% da renda para cerca de 70% dos brasileiros. Nosso indicador é melhor do que o observado em mercados como Bolívia (50%) e Peru (60%). Mas, ainda assim, parece pouco ao lado de nações como o da Argentina (80%), do Uruguai (90%) e do Chile – que chega próximo de 100%, assim como na China.
Velocidade vs. preço
"A média das velocidades de download anunciadas também aumentou, passando de 5 Mbps em 2019 para 30 Mbps em 2024", menciona a UIT. Além disso, nos últimos três anos, o número de economias com velocidades acima de 100 Mbps aumentou de 36 para 64, sendo essa a velocidade típica das economias de alta renda.
No entanto, a UIT pondera que a melhoria na qualidade das conexões não necessariamente se traduziu em maior acessibilidade. Isso porque, segundo a organização, a velocidade de download da banda larga fixa aumentou nos últimos anos, mas os custos não acompanharam essa evolução nos países mais pobres.
A UIT também destaca que a baixa demanda e os altos preços criam uma espécie de ciclo difícil de romper. Com poucas pessoas podendo pagar pelo serviço, os investimentos das operadoras são limitados, o que perpetua a falta de acesso e encarece ainda mais a conexão.