Para UBS, mercado ainda aguarda definições da Oi para apostar fichas na InfraCo

Embora o banco UBS recomende a compra das ações da Oi, visualizando múltiplos altos com a possível valorização da InfraCo pós-venda, há ainda riscos a serem considerados. Na visão do analista da instituição, Leonardo Olmos, a negociação pela proposta do BTG Pactual foi uma "conquista notável", mas ainda precisa percorrer um longo caminho com barreiras, como a aprovação da Oi Móvel, a migração para o novo modelo e o fim da recuperação judicial.

"Por que a ação não sobe? Por que o mercado está preocupado? Por que outras casas estão falando de lado negativo?", questiona Olmos em entrevista ao TELETIME. Nesta quarta-feira, 28, a OIBR3 estava cotada a R$ 1,77 – uma redução de 0,53% desde o dia do anúncio da aceitação da proposta vinculante do BTG para o direito de cobrir outras ofertas (right to top).

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Pontos de atenção

Para ele, um dos pontos de atenção é a venda de outra unidade produtiva: a Oi Móvel para a Claro, Vivo e TIM. A operação ainda deverá passar pelo crivo da Anatel e do Cade, envolvendo não apenas a concentração de mercado, mas a divisão de base e de espectro, o que deve trazer grande escrutínio das autarquias. Telcomp, NEO, Idec e Algar solicitaram entrada como partes interessadas no processo, e tiveram o pleito aceito pelo Cade. "Caso a venda não aconteça, haverá um downside relevante para a Oi".

Também merece atenção o processo da migração da concessão para a autorização, "porque vai permitir que a Oi faça o phase-out do cobre na velocidade que ela quer e facilitar a se tornar mais eficiente". O argumento é que a operação ainda traz Opex muito alto, e a regulação tem a complexidade do levantamento dos bens reversíveis. A Anatel estima que a consultoria contratada para realizar o cálculo do saldo da migração deverá concluir o trabalho apenas no final do ano, ou começo de 2022.

"A leitura que fazemos é que a migração só vai acontecer no primeiro ou segundo trimestre de 2022", declara. E mesmo que a estrutura não legada esteja de fora da InfraCo (ou seja, restando à ClientCo, ou "Nova Oi" os bens relacionados a concessão e o cobre), é possível que haja algum peso na nova empresa. 

Por fim, há o fim da recuperação judicial. O analista da UBS diz que a data ainda não está clara, uma vez que a Oi já sinalizou possibilidade de prorrogação do prazo determinado, que era para outubro próximo. "A empresa vai poder tomar decisões sem precisar depender de 200 bondholders e do juiz da RJ", afirma. "Esse ponto é o que impede muitos investidores estrangeiros de investirem na Oi." Segundo ele, não há interesse ainda de fundos estrangeiros de longo prazo, mas apenas os investidores de crédito. 

Leilão de 5G

Leonardo Olmos também vê alguma interferência do leilão do 5G, uma vez que a Anatel já afirmou que essa é a prioridade, uma vez que a análise da venda da Oi Móvel deverá considerar fatores como o acúmulo de espectro da Claro, Vivo e TIM. E há indícios de que a análise que o Tribunal de Contas da União está fazendo do edital pode acabar atrasando a realização do certame. "Vira o ovo e a galinha, sendo que o TCU ainda está segurando o ovo", conclui.

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