O avanço no número de incidências de interferências nos sistemas globais de navegação por satélite (GNSS) levou três agências da Organização das Nações Unidas (ONU) a emitirem um alerta conjunto.
A União Internacional de Telecomunicações (UIT), a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) e a Organização Marítima Internacional (IMO) expressaram "grave preocupação" com o aumento de casos de jamming (bloqueio) e spoofing (falsificação de sinais) que comprometem a precisão e segurança dos sistemas GNSS.
Segundo as organizações, essas interferências afetam não apenas o setor da aviação, mas também o transporte marítimo, serviços de emergência e redes de telecomunicações. A avaliação dos órgãos é de que o uso crescente de tecnologias que possibilitam a falsificação de sinais GPS tem dificultado a detecção e mitigação desses ataques.
Relatos indicam que esse problema tem se intensificado em regiões como o Mar Negro, Oriente Médio e fronteiras da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – com centenas de voos civis e embarcações enfrentando sistemas com falhas ou informações incorretas.
Em agosto de 2024, por exemplo, foram registrados mais de 1.000 casos diários de tentativas de spoofing no setor da aviação. Em regiões como o Norte da Europa, aeronaves comerciais já precisaram recorrer a sistemas de navegação alternativos devido à perda de comunicação via satélite.
Ações
Diante desse cenário, a ICAO, a ITU e a IMO sugeriram a adoção de cinco medidas principais para reduzir o impacto das interferências:
- Proteção do espectro de radiofrequência usado pelos sistemas GNSS contra transmissões não autorizadas que possam degradar os sinais;
- Reforço da resiliência dos sistemas dependentes de GNSS, incluindo aviação, navegação marítima e telecomunicações;
- Manutenção de infraestruturas de navegação convencionais para contingência em caso de falhas nos sistemas via satélite;
- Maior colaboração entre autoridades reguladoras, setores da aviação, marítimo e defesa para um monitoramento mais eficaz;
- Criação de mecanismos robustos de relatório e resposta para interferências detectadas.
Na declaração conjunta, as organizações também reforçaram a necessidade dos países garantirem o uso responsável do espectro de radiofrequência para evitar impactos negativos na segurança e nos serviços essenciais.