Citi acerta pendência judicial com Dantas

O Citibank aceitou um acordo com o Opportunity para o fim das pendências judiciais que correm em Nova York. Receberá em troca o reconhecimento, por parte do Opportunity, de uma participação maior na Highlake (empresa que tem 49% da Telpart, controladora da Telemig Celular). Este reconhecimento, contudo, não compensa os pelo menos US$ 300 milhões em danos que o Citi alegava, à Justiça de Nova York, terem sido causados pelo Opportunity. Isso porque, caso tenha conseguido o máximo que pedia pela Highlake (33%), o que não aconteceu (o percentual exato é confidencial, mas é menor do que esse), isso equivaleria a US$ 96 milhões, já que a Highlake receberá US$ 290 milhões pela venda da Telpart para a Vivo.
O que levou, então, o banco norte-americano a ceder? A versão oficial que será passada aos acionistas do banco é de que a pressão para que se fechasse o acordo de fusão entre Brasil Telecom e Oi era grande, já que o negócio não sairia se não houvesse um acordo judicial pleno com o Opportunity.
Já os fundos de pensão se deram por satisfeitos ao terem a garantia, por parte do Opportunity, de que o acordo umbrella será retirado, junto com outras pendências judiciais. Recorde-se que o umbrella é aquele contrato que os fundos dizem ter sido inventado por Dantas e que dava ao Opportunity poderes sobre todos os investimentos, mesmo que demitido ou destituído. Acordo que, aliás, será (ou seria) julgado pelo STJ na próxima semana.

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Algo mais?

Mas há indícios de que há algo mais por trás do acordo entre o Citi e o Opportunity. Um indício é que até a noite de quinta, 27, o Citibank ainda pedia à Justiça de Nova York a ampliação das queixas contra Dantas. O banco norte-americano propôs inclusive um quinto complemento ao documento de acusação (Fifth Amended Complaint) estendendo o pedido de danos reparatórios que dariam origem à indenização alegada pelo Citi de pelo menos US$ 300 milhões.
A decisão final da Justiça de Nova York, marcada para o começo do segundo semestre, poderia ou não ser favorável ao Citi. Até o momento, contudo, nada indicava que Dantas fosse ter qualquer sucesso no caso. Todas as decisões liminares até aqui foram claramente favoráveis ao banco norte-americano, e em diversas ocasiões o juiz Lewis Kaplan, que preside o processo, classificou os atos de Daniel Dantas como sendo atos de, no mínimo, má-fé.
Então, se o Citi poderia levar adiante com grandes chances de sucesso uma ação em que alegava ter direito a mais de US$ 300 milhões, por que aceitar um acordo que, traduzido em valores, não tem como passar de US$ 96 milhões (e este valor é, provavelmente, menor)? Será que apenas a perspectiva de viabilização da fusão entre Brasil Telecom e Oi vale a diferença?

Pressão e passado

Sabe-se que o Opportunity estava fazendo o máximo de pressão sobre o Citi. Nos últimos dias, o banco de Daniel Dantas exigia o depoimento de Sir Win Bischoff, chairman do Citibank. O Citi dizia que essa era claramente uma manobra de pressão, já que dificilmente o chairman de um grande grupo como o Citibank teria conhecimento de detalhes que pudessem ajudar em uma briga com um ex-gestor de investimentos no Brasil.
Outro elemento de pressão que o Opportunity normalmente utilizava sobre o Citi era a ex-executiva do banco-norte americano Mary Lynn Putney. Sempre que queria fazer alguma acusação contra o Citi ou quando queria dizer que o banco havia sido conivente com os atos praticados pelo Opportunity, Dantas citava a participação de Putney. De fato, trata-se da executiva que ao longo dos sete anos em que o Citibank e o Opportunity estiveram aliados no Brasil cuidava da relação com Dantas e endossava todos os atos do Opportunity. Apenas após o afastamento de Putney (oficialmente, ela se aposentou) o Citi decidiu romper a aliança com Dantas.
De qualquer maneira, ainda que haja um entendimento entre Dantas e o Citibank para o fim da disputa judicial, ainda é preciso formalizar isso junto à Justiça de Nova York. Para ler a íntegra do mais recente documento com todas as acusações feitas pelo Citibank contra o Opportunity, clique em www.teletime.com.br/arquivos/fifth_acomplaint.zip . Esta longa lista de acusações deixará de existir após o acordo.

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