Começa nesta segunda-feira de Carnaval, dia 28 de fevereiro, mais uma edição do Mobile World Congress em Barcelona (MWC 2022). O evento deste ano é o primeiro a acontecer presencialmente desde que o Brasil e diversos outros países voltaram a ter acesso à Espanha desde o início da pandemia da covid-19. Em 2021, o evento realizou uma reduzida edição semipresencial, mas muito menor porque o acesso de vários países ainda estava restrito, e muitas empresas de grande porte não participaram.
O evento deste ano ainda está bem menor do que o de 2019. Tudo é mais simples: comunicação mais modesta, estrutura simplificada, pavilhões que não chegam a ter a área totalmente ocupada com estandes e, obviamente, muitas medidas sanitárias ainda em vigor. É o que salta aos olhos de quem acompanha o evento há várias edições seguidas.
Do ponto de vista de conteúdo do evento, dois fenômenos importantes. O primeiro é que, de certa forma, o MWC volta a ter um pouco mais a característica que marcou o encontro desde que ele se mudou para Barcelona, em meados dos anos 2000: um evento de debates estratégicos entre operadoras, com foco em modelos de negócio e estratégias tecnológicas no campo da infraestrutura de redes, e menos em tecnologia de consumo.
Esse fenômeno tem a ver com o segundo: o MWC Barcelona deixou de ser o local dos principais lançamentos da indústria de handsets. Antes da pandemia, a principal fabricante global, a Samsung, já vinha optando por fazer seus principais lançamentos semanas antes, para não dividir a atenção com outros fabricantes. A Huawei também mudou completamente sua estratégia de lançamento de handsets, mas principalmente depois que passou a enfrentar restrições mais severas dos EUA e mudou seu sistema operacional para o HarmonyOS. Este ano não foi diferente, e ao contrário do que acontecia em outras edições pré-pandemia, são esperados lançamentos de dispositivos apenas de marcas menos proeminentes.
Em relação aos temas que devem dominar os debates, alguns se destacam: sustentabilidade, parcerias de negócio entre operadoras e outros setores (com destaque para finanças e educação, que ocupam boa parte das palestras) e implantação, na prática, dos modelos de 5G. Algumas empresas, como a Telefónica, gostam de usar o MWC como uma espécie de showroom do que têm a oferecer, e este ano a pauta da empresa é toda em cima de Metaverso, aplicações Internet das Coisas/redes privativas e um bom destaque para a estratégia de OpenRAN.
De tempos em tempos, é normal o MWC se afastar um pouco do debate das promessas de uma futura tecnologia e mergulhar na análise de casos práticos. Isso se deve ao ciclo de desenvolvimento das tecnologias, e como o 5G está apenas no segundo ano de implantação global, e ainda sofrendo com os atrasos da pandemia, debates sobre o 6G ainda devem aparecer de maneira tímida em 2022.