Com verticais na mira, Nokia aposta no "mercado de latência" para o 5G

Acertar quais as aplicações que demandarão capacidade das primeiras redes 5G pode fazer toda a diferença para uma boa impressão (e resultados) das redes em seus estágios iniciais, mas ainda não existe muito consenso dentro da indústria de qual será o caminho mais óbvio. A Nokia veio para o MWC 2019 com foco em aplicações industriais baseadas no conceito de "ultra reliable latency". Ou seja, aplicações que dependem de latências extremamente baixas. Aliás, há algum tempo que a Nokia tem colocado seu foco de 5G no desenvolvimento de verticais e a fornecedora finlandesa aposta que esse será um caminho importante, principalmente para gerar mais receitas aos operadores, considerando os custos mais elevados de implantação das redes 5G.

Segundo Wilson Cardoso, CTO para a América Latina, a vantagem desta abordagem é o compartilhamento de custos com os grandes clientes nas instalações industriais e a possibilidade de fazer a evolução das redes pontualmente onde há alto retorno.

"Vejo três grandes blocos de aplicação em 5G: mobile broadband; a diminuição de latência, que impulsiona a indústria 4.0 e aplicações IoT; e a massificação dos dispositivos". Ele lembra do 4G para a 5G existe um salto de 60 milissegundos de latência para 1 a 4 milissegundos. "Esse ganho de latência depende de software, mas também do uso inteligente do espectro. Nas faixas de 3,5 GHz, se você tiver menos de 100 MHz de espectro, você não consegue fazer 1 ms de latência, porque você opera em TDD. E sem você tem uma aplicação que requeira latências baixíssimas de 1 ms você não consegue implementar. Ou vai abaixo de 2,5 GHz ou vai para as ondas milimétricas". Automação de veículos, controle de máquinas de montagem ou coordenação de frotas, por exemplo, são aplicações que dependem de latências baixas.

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Segundo Diana Coll, diretora de marketing da Nokia, a empresa tem procurado estudar e entender as necessidades das diferentes verticais para que a conectividade funcione no modelo de negócio dos diferentes setores. Para Wilson Cardoso, "o desafio da latência é a grande dificuldade mas é onde existe uma grande oportunidade de negócios. Vender latência é o mercado do futuro".

Mas não é apenas latência que faz das aplicações industriais de 5G um diferencial. O slicing, que é a capacidade de definir parâmetros de qualidade de serviços específicos, é essencial nessa modelagem. Na padronização do 5G, a rede permite, em tese, 1,048 milhão de "slices" diferentes. Mas ele lembra que o slicing começa na rede de transporte de fibra, e não apenas no acesso. "O conceito precisa ser implantado do core ao acesso". A Nokia tem defendido que os operadores adotem o mesmo fornecedor (no caso, ela mesma) em todos os pontos da rede.

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