Blocos de 50 MHz para 5G no Brasil podem ser suficientes a princípio, diz executivo da Huawei

O leilão de 5G no Brasil ainda não tem uma configuração definida, embora a data esteja marcada para março de 2020. Uma das grandes questões é o arranjo que será dado à frequência de 3,5 GHz: com 200 MHz disponíveis, a agência precisará identificar como será feita a divisão de lotes, se privilegiando a capacidade, a concorrência ou buscando alternativas de blocos separados por região. Há ainda a possibilidade de adicionar pelo menos mais 100 MHz com a liberação da faixa de 3,3 GHz, mas isso ainda estaria sob estudos na área técnica.

Independente disso, segundo o diretor-executivo de Business Network Consulting da Huawei para a América Latina, Guillermo Solomon, em um primeiro momento a divisão igualitária em quatro blocos poderia ser suficiente no País. "No momento, 50 MHz está ok. Ter 100 MHz é melhor, mas o Brasil ainda tem tempo para endereçar isso", explicou ele em conversa com jornalistas durante a MWC19 nesta semana.

Por sua vez, o executivo entende que o uso de agregação de portadoras para 5G atualmente, da mesma forma como existe para o LTE (Advanced, comercialmente chamado de 4,5G), não seria viável. "Dá para agregar a portadora, mas blocos maiores são preferíveis. É possível, mas não tem a tecnologia pronta para isso", diz.

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Além das frequências, as redes precisam também de modernização. Solomon bateu por diversas vezes na tecla da necessidade de virtualização da infraestrutura com SDN (redes definidas por software) e NFV (virtualização de funções de rede). "É importante virtualizar a rede. Por software, posso aumentar a capacidade de transmissão de fibra", declara, ressaltando a possibilidade de alteração dinâmica da infraestrutura. Ele dá como exemplo a criação de anéis óticos interligando torres, que na configuração atual com 10 Gbps já não está sendo suficiente para 4,5G. "Você precisa de fibra e cloud, além de virtualizar. De outra forma, o custo vai ser muito caro, será preciso implantar muita fibra, e o preço fica proibitivo, não faz sentido econômico." Solomon exemplifica: um backhaul de fibra para a antena agora precisa ter 50 Gbps de capacidade, contra 10 Gbps no LTE.

Mas se é necessário investir em capacidade, o aumento da demanda por dados provoca também uma oportunidade de aumento de receita para teles de 10% a 20%, com a ARPU também avançando, de acordo com a Huawei. Somente em Seul, capital da Coreia do Sul, a empresa já implantou 10 mil sites em 5G utilizando 80 MHz na banda C (3,5 GHz). "A velocidade máxima lá bate 1,33 Gbps no terminal, enquanto na célula é de 4,4 Gbps. No final, a média é de 1 Gbps", destaca Solomon.

Lançamentos internacionais

Durante o evento em Barcelona, a Huawei firmou novos contratos em 5G com operadoras da Europa, Oriente Médio e África. A operadora suíça Sunrise utilizará equipamentos da fornecedora chinesa em uma área de cobertura em mais de 150 cidades. Na Islândia, o acordo foi com a operadora móvel Nova, e prevê a instalação de estações radiobase e roteadores de quinta geração.

A companhia também assinou um memorando de entendimento com a operadora Viva Bahrain para lançamento da rede comercial de quinta geração em Bahrein até junho deste ano. Já com a Saudi Telecom Company (STC), a Huawei assinou contrato para o programa de modernização de rede e construção da rede 5G. Por sua vez, a tele sul-africana Rain deverá lançar sua rede utilizando espectro em 3,6 GHz, inicialmente em áreas específicas de Joanesburgo.

A Huawei tem mais de 30 contratos comerciais de 5G firmados até o momento, especialmente na Espanha, Finlândia e Reino Unido. A fornecedora projeta que a 5G seja responsável por 30% dos 720 milhões de acessos móveis no mundo até 2025.

* O jornalista viajou a Barcelona a convite da Huawei.

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