Para o CEO da Deutsche Telekom, René Obermann, a conectividade não pode ser mais tratada pelo modelo “best effort”. “Investimos para ampliar a capacidade da rede nos últimos anos e agora, com a tendência de que tudo virará nuvem, precisamos ter uma rede inteligente com possibilidade de gerenciamento de tráfego e qualidade de serviço”, comenta Obermann, ressaltando que gerenciamento de tráfego não deve ser confundido com discriminação.
Obermann participou do painel “Exploring the Mobile Cloud” nesta terça, 28, durante o Mobile World Congress, que acontece em Barcelona esta semana, juntamente com o CEO da Alcatel-Lucent, Ben Verwaayen, e o chairman e CEO da Cisco, John Chambers. Um ponto em que todos os painelistas concordaram é que não há alternativa para as operadoras móveis a não ser investir em suas redes, mas de forma a torná-las inteligentes.
O futuro será hiper conectado e marcado pela oferta de serviços em nuvem, de músicas e vídeos e outros arquivos pessoais a comunicações machine-to-machine (M2M) e isso exigirá redes inteligentes.
“Impressiono-me quando pessoas dizem esperar que nos tornemos apenas canos. Os serviços em nuvem são uma oportunidade para que as operadoras melhorem a qualidade de serviço e de entrega de conteúdo, mas isso não pode ser feito sobre uma rede ‘dumb pipe’”, alerta Obermann. Para ele, o futuro das redes é o que chama de conectividade inteligente, a combinação de diferentes redes com tecnologias de 3G, 4G, fibra ótica e Wi-Fi integradas para ofertas de serviços aos clientes.
“A transição para o mundo em nuvem já está acontecendo e não há escolha para as operadoras, que precisam ter redes totalmente baseadas em IP e inteligentes. A inovação vem a galope trazendo muitas oportunidades, mas deixará para trás quem não se mexer”, adverte Chambers, da Cisco. A estimativa do executivo é de que serviços em nuvem movimentem US$ 58 bilhões até 2013, os serviços conectados somem 7,2 bilhões de unidades até 2015 e de que o tráfego nas redes móveis cresça 26 vezes entre 2010 e 2015.
APIs
Outro aspecto interessante levantado pelo executivo da Deutsche Telekom foi a necessidade de as operadoras começarem a abrir para desenvolvedores de aplicações suas APIs de rede, proporcionando assim a criação de aplicações e serviços otimizados do ponto de vista de utilização de capacidade de rede e processamento, por exemplo. Esse movimento de abertura de APIs também tem sido adotado por outras operadoras, como a norte-americana AT&T e, mesmo no Brasil, com a Vivo.
“As operadoras controlam grande parte da cadeia de valor dos serviços em nuvem e isso é uma vantagem, porque podemos oferecer diferentes níveis de serviço e segurança; e se pudermos cooperar para padronizar os APIs de rede, podemos garantir ainda a interconexão dos serviços entre nossas redes”, analisa Obermann.
O papel do consumidor
Já o CEO da Alcatel-Lucent, Ben Verwaayen, chamou a atenção para uma outra tendência nessa nova fase por que passa a indústria: a decisão hoje do que será padrão, do sucesso ou fracasso de um modelo, está nas mãos do consumidor. “Pela primeira vez a indústria está reconhecendo o consumidor como indivíduo, que tem um perfil, que decide o que quer, quando quer e onde quer.”
Quando perguntado sobre o futuro, Verwaayen foi categórico: “Daqui a cinco anos, os mercados agora emergentes estarão liderando e grande parte do que falamos aqui hoje será coisa do passado”.