Em parceria com a TIM e a Accenture, a fabricante de automóveis Stellantis implantou em três meses o piloto do que afirma ser a primeira planta de indústria automotiva conectada com 5G standalone no País e na América Latina. O local escolhido e onde a rede já está funcionando é o Polo Automotivo Stellantis de Goiana (PE), onde a empresa fabrica carros da marca Jeep.
O anúncio feito nesta quarta-feira, 27, é a promessa de ser o primeiro de uma série de projetos da companhia com a TIM. A rede privada funciona com duas antenas na faixa de 3,5 GHz, obtida pela operadora com licença experimental na Anatel. "Após o leilão do 5G, queremos colocar a licença em caráter comercial", afirmou o CTIO da tele, Leonardo Capdeville, em coletiva de imprensa.
O equipamento utilizado é o da Huawei. "É a mesma antena que vamos usar para a rede comercial. A gente tem insistido muito nesse ponto. Os testes desde 2019 têm sido sempre com casos de uso de equipamentos, serão os mesmos que teremos no deployment futuro", coloca o executivo.
A ideia era conectar as máquinas, em especial com o planejamento de veículos automatizados para logística interna da fábrica. Dessa forma, o objetivo foi ter a cobertura em toda a instalação em Goiana, o que significa que também funcionará para a prestação do serviço móvel pessoal. Neste caso, a TIM planeja utilizar o recurso de fatiamento de rede (network slicing) para garantir a qualidade da conexão para as aplicações críticas.
Capdeville explica que a possibilidade de utilizar o slicing faz com que a operadora tenha maior flexibilidade do que atrelar a rede privada a uma licença de serviço limitado privado (SLP), por exemplo. "Se amanhã a Stellantis quiser ampliar a conexão para a cadeia de fornecedores, se eu aplicasse a licença para um fim específico, teria dificuldade para estender isso", diz. "Esse modelo [de slicing] é mais eficiente do que ficar restrito à licença."
Como utiliza o Release 16 do 3GPP, o 5G utilizado na fábrica da Stellantis utiliza o core de rede já em cloud, que utiliza a plataforma Azure, da Microsoft. Além disso, a operadora também está utilizando servidores próximos à borda (edge computing) para reduzir a latência.
Demandas
CIO da Stellantis, André Souza comentou que a parceria com a TIM foi acordada entre os presidentes das duas empresas, respectivamente Antonio Filosa e Pietro Labriola. "Foi um projeto que fizemos em três meses, com dedicação forte da equipe para viabilizar a rede 5G privada na planta de Goiana, que já era a mais moderna do grupo", declara.
De acordo com Souza, o 5G não foi apenas um desafio a ser feito, mas uma forma mais moderna de lidar com demandas reais da fábrica. "Temos o processo logístico com transportes industriais mais autônomos e que possam ser reprogramáveis a cada fluxo e rota. Isso requer tempo de resposta com latência extremamente baixa, além da possibilidade de cobertura em área intensa", destacou.
Representante da Accenture, Paulo Tavares adicionou que a latência obtida é de 2 a 3 ms. "O núcleo dessa rede está na nuvem. A cobertura para todo parque é um campus network, não é uma rede apontada para um pedaço específico para a produção. É o best in class para novos casos de uso aplicados à indústria."