Entidades do audiovisual apontam problemas em uma possível fusão da Anatel e Ancine

Star Wars Foto: Pixabay

O setor audiovisual não recebeu bem a proposta apresentada pela OCDE de unificar a Anatel e Ancine. Para as entidades setoriais do audiovisual, qualquer hipótese que sinalize uma extinção da Ancine significa um retrocesso nas políticas industriais que envolvem o audiovisual e um descarte de tudo que foi construído no setor até o momento.

A Associação das Produtoras Independentes do Audiovisual Brasileiro, em nota enviada ao TELETIME, diz que o endereçamento da OCDE para o governo brasileiro de fundir as duas agências "representará o descarte de décadas de construção e aperfeiçoamento da Ancine, desprezando não somente as demandas do audiovisual brasileiro, mas da sociedade brasileira como um todo, já que o setor gera emprego, renda e representatividade na tela".

A entidade diz que envidará esforços para que a fusão não aconteça, afirmando que esse movimento beneficiará grandes conglomerados multinacionais em detrimento da produção nacional independente.

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Uma indústria nacional

Leornardo Edde, presidente do Sicav, lembra que depois da criação de uma agência reguladora em 2001 selou a real importância da indústria cinematográfica para o País. "O advento da Lei do Audiovisual trouxe de volta o orgulho de ser brasileiro, a felicidade de poder contar nossas histórias, e o reconhecimento da população de sua própria história", disse o produtor.

Ele diz ainda que ao longo dos últimos anos, a indústria audiovisual no Brasil chegou a crescer quase 9% ao ano, contribuindo com R$ 25 bilhões para a economia brasileira, e gerando centenas de milhares de empregos. "A produção audiovisual se espalhou pelo país e tomou um protagonismo de uma indústria em expansão, firme em seus propósitos e objetivos, e acreditando que o Brasil investiria, ainda mais, no desenvolvimento de uma indústria brasileira potente, cada vez mais forte, que pudesse ligar os quatro cantos desse território continental, e defender nossas fronteiras mundo afora", aponta Edde.

A questão central é como ficaria as duas agências dentro do regulador único. A Ancine tem uma característica de fomento que a Anatel não tem, de maneira direta. Nesse sentido, possivelmente, o que seria um elemento central para a produção audiovisual nacional poderia fica em um segundo plano dentro dessa agência, aponta Edde. "Uma das saídas para isso seria o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) ter uma gestão própria, fora da Ancine. Mas mesmo assim, a regulação do conteúdo ficaria prejudicada dentro dessa fusão", diz o presidente do Sicav.

Sobre os fundos, o relatório da OCDE divulgado na segunda-feira, 26, recomenda que o Brasil precisa reduza a incidência de impostos e CIDES, com uma simplificação dos fundos, com eventual extinção dos mesmos. Edde também chama a atenção para os debates que envolvem aspectos regulatórios por quais o setor vem passando, como a regulação do VoD, o recente movimento de não regulação de canais lineares que sejam distribuídos pela internet e a ausência de um decreto de cota de tela de cinema durante um ano inteiro. "Esses movimentos trazem à tona a tentativa de destruir a regulação audiovisual no Brasil", finaliza o produtor audiovisual.

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