Destinação da faixa de 6 GHz é divergente entre operadoras e big techs

A chegada do 5G tem apontado para novas formas e destinações de uso das faixas de espectros, e os debates sobre o uso da faixa de 6 GHz são um exemplo disso. Há divergências entre a TIM e o Facebook sobre a forma de uso dessa faixa, entrando ou não no leque das não licenciadas, assim como as já utilizadas para o Wi-Fi 2,4 GHz e 5 GHz. O assunto foi discutido durante workshop de Competição da Anatel nesta terça-feira, 27.

Ana Luiza Valadares, diretora de Políticas de Conectividade e Acesso do Facebook, acredita que a pandemia mostrou que é preciso garantir conectividade para as pessoas. "O Facebook se preocupa com o fato de muitas pessoas não terem acesso à conectividade e também com aqueles que não têm a conectividade plena", disse.

Valadares acredita que, para que as pessoas tenham plena experiência de conectividade, é preciso oferecer dispositivos que permitam essa sensação e que garantam acessos à tecnologia de realidade aumentada. Para isso, precisa-se garantir conexão indoor. Por isso, ela defendeu a alocação da faixa de 6 GHz para o Wi-Fi, somando-se dessa forma às faixas não licenciadas já existentes de 2,4 GHz e 5 GHz.

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"Os Estados Unidos já definiram isso. E é importante que o Brasil assim também o faça pois isso coloca para o usuário final a possibilidade de acesso pleno, em alta velocidade, que permite o uso de inúmeras tecnologias", defendeu a representante do Facebook.

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Já Marco Di Constanzo, diretor de Network Development da TIM, acredita que qualquer decisão sobre o uso da faixa de 6 GHZ agora é prematura. Seguindo posicionamento da associação GSMA, ele defendeu a destinação de apenas parte do 6 GHz para Wi-Fi – no caso, um pedaço 500 MHz. Ele entende que qualquer destinação de uso do restante do espectro deveria ser discutido somente após a World Radiocommunication Conference (WRC) da UIT, que acontecerá em 2023.

"A China, por exemplo, destinou o 6 GHz para telefonia móvel. Eu não acho certo, assim como não acho certo o que o EUA decidiu. Por isso, creio que devemos esperar. Qualquer decisão do Brasil agora, torna-se irremediável no futuro", disse o executivo da operadora.

Vale notar que a Anatel já decidiu em maio seguir com o posicionamento de destinação de 1,2 GHz para a faixa de 6 GHz, conforme definido na WRC de 2019 para a Região 2 (onde estão tanto os EUA como o Brasil). A área técnica já produziu uma análise de impacto e encaminhou ao conselho diretor. Há ainda um bloco 100 MHz – a faixa de 7.025-7.125 MHz – que terá atribuição global para o serviço móvel (IMT).

Descongestionamento

A alocação da faixa de 6 GHz para o espectro não licenciado, como as faixas de 2,4 GHz e de 5 GHz, representaria um descongestionamento dessas duas faixas já em uso. "Alocando o 6 GHz para licenças abertas, haverá um descongestionamento de redes Wi-Fi. Esse descongestionamento do Wi-Fi pode trazer cerca de US$ 27,60 bilhões até 2030 para o Brasil", disse Raul Katz, presidente da Telecom Advisory Services.

Além disso, o consultor apontou que a liberação da faixa de 6 GHz causará um impacto para redes Wi-Fi de provedores regionais (WISP network), ampliando o acesso de cobertura com alta capacidade por ponto de acesso. O professor William Lehr, do MIT, também defendeu que o uso de espectro para Wi-Fi potencializa serviços e permite mobilidade, usabilidade, e portabilidade para os usuários das redes. (Colaborou Bruno do Amaral)

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