Na América Latina, Cirion foca em data centers de olho em IA

Elton Tiepolo, gerente de desenvolvimento de negócios data center e cloud da Cirion, e Yuri Menck, gerente de comunicação

Dois anos após a venda de suas operações na América Latina ao fundo norte-americano Stonepeak, a Cirion aposta na alta demanda por dados para impulsionar seu negócio local de data centers.

Para avançar, parte dos US$ 325 milhões previstos em investimentos para 2024 devem ser direcionados para a construção de mais unidades. Com a compra de um terreno no Rio de Janeiro e outros dois centros em construção nas cidades de Lima (Perú) e Santiago (no Chile), a companhia planeja alcançar 21 DCs em um horizonte de até três anos.

Atualmente, a companhia conta com 18 DCs na região, sendo quatro na Argentina, três no Brasil, três na Colômbia e outros três no Equador. Chile, México, Panamá, Peru e Venezuela contam com um cada. 

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Os data centers são importantes para atender de pequenas empresas até os hyperscales, como AWS, Microsoft, Google, IBM, TikTok, Meta. Na Cirion, esses ambientes também  funcionam como fomentadores de negócios. 

"A construção desses espaços é pensado para as empresas, mas também no que a gente chama de ecossistema. Hoje em dia, a nuvem também funciona como um meio de integração da cadeia de valor dos diversos segmentos. Então, essa diversidade dentro do data center é que diferencia as unidades", afirma Yuri Menck, gerente de comunicação da Cirion, em entrevista concedida ao TELETIME no DC em Cotia (SP).

Um exemplo seria quando um banco passa a estabelecer relações com companhias de meios de pagamento, cartão de crédito e seguros para atender melhor às necessidades dos seus usuários, a partir do relacionamento no ecossistema. 

De acordo com o executivo, os 500 clientes alocados em Cotia geram cerca de 4 mil conexões a partir da conexão na infraestrutura da empresa. "Hoje, o data center é um 'shopping center' de outras corporações. Cada conexão dessas é um negócio que aconteceu, é uma venda de um serviço entre uma empresa e outra. O que nós estamos fazendo é fomentar esse ecossistema", diz.

Energia e IA

Outra atenção na companhia é quanto à necessidade de energia das unidades, que crescem conforme a necessidade pelo consumo de dados dos clientes evolui. Hoje, os DCs da empresa utilizam cerca de 20 Megawatts (MW) cada, mas possuem 41,9 MW de capacidade instalada, pensando na demanda futura do mercado corporativo por Inteligência Artificial (IA).

A expansão da capacidade cresce conforme há um aumento na demanda por dados. Com o desenvolvimento de tecnologias como a IA Generativa, realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR), esses ciclos devem ficar mais curtos. O projeto no Rio de Janeiro, por exemplo, deve contar com 60 MW quando for concluído.

"A gente entende que as demandas para o processamento de imagens, gráfico e de dados em volume devem surgir na região nos próximos anos. Por isso, os DCs que entram em operação têm uma capacidade de energia maior", afirma Elton Tiepolo, gerente de desenvolvimento de negócios data center e cloud da Cirion. 

Parte das discussões para o avanço também envolve a temática ESG. Segundo Tiepolo, a demanda por refrigeração das unidades poderia ser atendida com o abastecimento d'água dos rios – algo comum nos Estados Unidos. Em períodos de seca, porém, isso pode causar um desabastecimento das comunidades locais, prejudicando as cidades.

Atualmente, cerca de 30% da energia comprada pela Cirion é de matriz limpa, sendo eólica ou solar. Uma boa parte também é oriunda de energia hidráulica. "Nós atendemos muitas empresas multinacionais com sede na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia que têm esses critérios mais evoluídos e, assim como fundos de investimento, eles exigem que os fornecedores tenham esse cuidado", diz Tiepolo. 

Telecom

Na operação Latam da companhia, são mais de 5,5 mil clientes corporativos, com cerca de 1,2 mil nos data centers. No Brasil, a grande parte da receita ainda é proveniente de telecom, com 65% do total, enquanto os DCs respondem por 35%. A fatia de telecom é um pouco mais relevante na América Latina, embora a Cirion não ofereça mais detalhes.

A rede óptica dispõe de mais de 90,5 mil quilômetros, que interliga a América Latina a outros países espalhados pelo mundo. Desse total, 54,5 mil são redes terrestres, e 36 mil, submarinas. Com a receita de telecom considerada "mais estável", a empresa segue dando passos para crescer no segmento. 

Um deles é a proposta de atuar por "coopetição", em que a companhia utiliza a infraestrutura de fibra instalada de concorrentes em determinadas regiões para otimizar investimentos, enquanto também oferece sua capacidade aos parceiros. 

Em outro movimento, a empresa criou as unidades de negócio de data center, comandada por Nelson Fonseca, e de fibra, gerida por Leonardo Barbeiro. "Quando a gente transforma em unidade de negócio, a operação também fica melhor dividida. Eu tenho uma gestão do negócio de ponta a ponta, dentro de cada vertical. Isso muda o atendimento, os processos e o foco em cada parte da operação", finaliza Menck.

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