Facebook Connectivity aposta em parcerias e tecnologias de baixo custo para ampliar conectividade

Típico ponto de venda do Community WiFi, com antena de banda Ka e WiFi no telhado.

O mundo tem cerca de 3 bilhões de pessoas desconectadas, e chegar a esta população é o desafio de governos e empresas operadoras e prestadoras de serviços de Internet. Este é um desafio que o Facebook resolveu enfrentar com parcerias e cooperação. O projeto Facebook Connectivity, voltado a iniciativas de conectividade, é uma das áreas prioritárias da empresa em termos estratégicos, ao lado de Inteligência artificial e realidade virtual. O foco é desenvolver tecnologias, modelos de negócio e parcerias voltadas à ampliação do acesso, em condições acessíveis e com mais qualidade, em áreas hoje carentes de infraestrutura. Segundo James Beldock, diretor global de negócios de conectividade que esteve esta semana no Brasil, as iniciativas que compõem o projeto Facebook Connectivity visam atender à crescente demanda de tráfego e conectar quem ainda não está conectado. Mas o Facebook não é operador de infraestrutura, explica.

A atuação se dá sempre por meio de parceiros. Há desde plataformas de comercialização de redes Wi-Fi comunitário até core de redes 4G de baixo custo para pequenas empresas. "Na ponta sempre tem um parceiro licenciado, um operador", ressalta Beldock. Entre os operadores parceiros há desde pequenos provedores de acesso, como a iConecta, passando por empresas de satélite, como a HughesNet, até grades operadoras, como Vivo e TIM e Claro, em diferentes projetos. Segundo Tarcísio Ribeiro, brasileiro que comanda mundialmente a área de parcerias com fabricantes e operadoras do Facebook, nestas parcerias não há controle de preços por parte da empresa e inexiste cobrança de royalties ou revenue-share, e o Facebook tampouco explora comercialmente os serviços de conectividade. "Nosso ganho com estes projetos é no longo prazo, com a própria ampliação da conectividade".

São cerca de nove iniciativas globais mai desenvolvidas. Iniciativas como o Express Wifi, plataforma de gerenciamento de redes WiFi comunitárias; ou a Terragraph, voltada ao desenvolvimento de redes de alta capacidade para grandes centros e zonas suburbanas densamente povoadas por meio de soluções de rádio microondas que criam um backhaul wireless em substituição à fibra, por exemplo; ou a iniciativa Rural Access, que desenvolve tecnologias e ferramentas para áreas rurais; ou ainda o Magma, que dá a pequenos operadores a possibilidade de ter um core (EPC) de rede de baixo custo para serviços 4G.

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E há ainda projetos como o Telecom Infra Project, uma espécie de consórcio do qual o Facebook é fundador mas que reúne centenas de operadores e fabricantes no desenvolvimento de tecnologias de rede compartilhadas e abertas de baixo custo. "O que buscamos é que mais parceiros utilizem estas soluções e tecnologias de baixo custo para a ampliação da infraestrutura, mas nosso trabalho vai além. Temos que ajudar o desenvolvimento de modelos de negócio que estimulem novas empresas a entrar no mercado. Muitas vezes um pequeno empresário local conhece melhor do que uma grande operadora as oportunidades e as dificuldades de sua localidade", diz Beldock, lembrando que as iniciativas do Facebook Connectivity não estão restritas a pequenos operadores, ainda que seja mais natural a parceria com este perfil de empresa, considerando que as grandes operadoras tendem a ficar focadas nas regiões maiores.

Beldock lembra que muitas vezes um único modelo de negócio pode não viabilizar uma operação de banda larga em uma determinada localidade, mas se forem agregados outros serviços de modelos de negócio, a conta passa a fazer sentido. "Uma empresa pode ter uma oferta comunitária de WiFi, uma oferta residencial, uma solução de IoT… Tudo isso somado pode tornar o mercado em uma área pouco atrativa em algo viável", explica.

O Facebook Connectivity procura também compartilhar os aprimoramentos de modelos de negócio entre os diferents parceiros pelo mundo, explica Beldock.

Tarcísio Ribeiro explica que o processo de seleção dos parceiros se dará pela ampliação dos canais de distribuição das tecnologias, o que está acontecendo neste momento dentro da estratégia da empresa. Segundo o executivo, o Facebook Connectivity tem fechado parcerias com fabricantes OEM para embarcar as soluções tecnológicas, e também com operadores no desenvolvimento dos modelos de negócio atreladas a determinadas soluções, como é o caso de soluções WiFi suportadas por satélite. Estas soluções tecnológicas, explica Ribeiro, são distribuídas pelos canais que normalmente vendem e distribuem estes equipamentos, juntamente com os parceiros de distribuição das operadoras que já atuam no modelo de canais. "Isso dá capilaridade até chegar no parceiro que está na ponta, que conhece melhor do que ninguém a realidade do mercado local", afirma.

Questionado sobre o fato deste modelo eventualmente representar uma amaça a operadores tradicionais e fornecedores com soluções proprietárias, Beldock diz que o foco do Facebook Connectivity é atuar da "cauda longa", ou seja, nas franjas de mercado em que outros modelos e estrutura de custo não tenham mostrado viabilidade para atender ao déficit de conectividade. "A nossa vantagem é que estamos coordenando essas parcerias em escala global". Para o executivo, "nada substitui o diálogo e o pensamento coletivo. Ninguém tem uma única solução (ao problema da conectividade). Cada um tem uma parte da resposta. A única forma é trocar ideia e isso se faz com diálogo e cooperação", afirma.

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