O mundo levou 32 anos para chegar a um total de 1 zettabyte (um seguido de 21 zeros) de tráfego IP (que inclui não apenas Internet, mas a comunicação em redes privadas) anual, mas levará apenas cinco anos para chegar à marca de 2 zettabytes na previsão da Cisco em seu estudo Visual Network Index (VNI) nesta quarta-feira, 27. Isso significa que o tráfego crescerá 12 vezes em relação ao que o ano de 2009 inteiro gerou (169 exabytes).
Em termos mensais, o tráfego IP em 2019 será de 168 exabytes (EB), contra 59,9 EB em 2014, um crescimento de taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 23% no período. Ou seja: o tráfego IP mensal triplicará em cinco anos. Para efeito de comparação, o Brasil consumirá 4,4 EB ao final desse período, correspondendo a 34% da América Latina (que terá um total de 12,8 EB), à frente do México (24%), Argentina (9%), Chile (6%) e do agrupado de outros países do bloco (27%).
Na visão da Cisco, esse aumento se deve a tendências como a maior penetração da Internet, que deverá atingir mais da metade (51%) da população mundial em 2019, ou 3,9 bilhões de pessoas. Em 2014, o índice apontava para penetração de 39%, ou 2,8 bilhões de pessoas.
Também contribuirá o aumento da velocidade da banda larga fixa, que sairá de 20,3 Mbps em 2014 para 42,5 Mbps em 2019, aumento de 2,1 vezes. A região que terá a maior velocidade em 2019 será a da Europa Ocidental, com 49,1 Mbps de média (contra 21,8 Mbps em, 2014), seguida de Ásia-Pacífico (48,9 Mbps em 2019, 23,2 Mbps ano passado), leste e centro europeu (45,3 Mbps contra 22,2 Mbps), América do Norte (43,7 Mbps contra 21,8 Mbps), América Latina (16,9 Mbps contra 7,2 Mbps) e Oriente Médio e África (14,9 Mbps contra 6,1 Mbps).
Dispositivos
Haverá também mais dispositivos conectados, considerando-se também redes privadas: de 14,2 bilhões no ano passado (ou dois acessos por pessoa no mundo), aumentará para 24,4 bilhões de aparelhos (3,2 por pessoa) em cinco anos. O aumento é decorrente não apenas de smartphones e computadores, mas também de comunicação máquina-a-máquina (M2M).
Em cinco anos, as conexões M2M sairão de 24% para 43% do total mundial de 24,4 bilhões de dispositivos conectados, contra 14,1 bilhões em 2014, evidenciando o avanço da Internet das Coisas (IoT). Em se tratando de verticais, 48% serão de novos tipos de conexões M2M, um grupo formado por carros, saúde, smart cities, smart grids, trabalho conectado e casas conectadas.
Vale ressaltar que, mesmo sendo 43% do total mundial, os módulos M2M corresponderão por apenas 3% (4,6 EB/mês) de todo o tráfego global IP ao final do período. No Brasil, os módulos M2M serão 32% do total de dispositivos conectados, ou 251,2 milhões em 2019 – ressalta-se, isso inclui qualquer tipo de objeto com conexão, seja Wi-Fi, móvel ou outra tecnologia de curto alcance, como Bluetooth. Para efeito de comparação, segundo dados da Anatel referentes a dezembro de 2014, os acessos M2M representavam apenas 1,287 milhão de conexões no mercado brasileiro. No entanto, a agência considera somente acessos M2M com SIMcards conectados à rede móvel.
Haverá crescimento também na quantidade de conexões com smartphones, de 15% para 19%, e de smart TVs, de 11% para 12%. Por sua vez, os featurephones cairão de 32% para 13%, e os PCs, de 11% para 6%. Outros aparelhos, incluindo dispositivos vestíveis (wearables), diminuirão a participação também: de 4,9% para 3,6%. Segundo o diretor do segmento operadoras da Cisco, Hugo Baeta Santos, isso acontecerá não por um desinteresse pelos wearables, mas porque haverá aumento maior das outras conexões.