Países europeus culpam os smartphones pela qualidade da cobertura

Enquanto no Brasil há uma grande discussão a respeito dos problemas de cobertura e de quem paga a conta pela maior necessidade de investimento em infraestrutura, as agências reguladoras de oito países europeus encontraram outro culpado: os próprios aparelhos. Na semana passada, representantes da Dinamarca, Estônia, Finlândia, Islândia, Letônia, Lituânia, Noruega e Suécia encaminharam à União Europeia uma carta na qual citam um estudo dinamarquês conduzido pela Universidade de Aalborg que afirma que há uma variação no desempenho da receptividade do sinal em handsets, especialmente em smartphones.

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"Isto implica que a cobertura de área em um telefone com baixa recepção vai ser apenas de um quarto da área em comparação a um dispositivo com boa recepção", afirma a carta, endereçada ao diretor geral da Comissão Europeia, Daniel Calleja Crespo.

A justificativa das agências é que as operadoras não podem ser responsabilizadas sozinhas pela qualidade do sinal, sugerindo mudanças nas regulamentações que obrigam metas de cobertura em licenças de serviço. A sugestão dos oito países europeus é de proporcionar ao consumidor maior transparência em relação ao desempenho de recepção dos aparelhos, utilizando um esquema de selos de eficiência semelhantes aos utilizados para consumo de energia em eletrodomésticos. Assim, as autoridades regulatórias pedem "urgência" da Comissão para tomar os passos necessários para criar o esquema na União Europeia.

Incompletos de fábrica

A empresa de pesquisas Strand Consult afirma que essa inconsistência na recepção acaba impactando negativamente a imagem das operadoras móveis. Segundo um estudo da Associação de Indústria de Telecomunicações Dinamarquesa, 16% dos consumidores com smartphones experimentam áreas de sombra em casa durante ligações pelo menos uma vez por mês; enquanto para telefones celulares comuns essa taxa é de 8%. No ambiente externo, fora da residência, a relação é ainda maior: 27% para smartphones e 7% para feature phones. Além disso, 10% dos consumidores dos handsets inteligentes afirmam que a cobertura teria se deteriorado nos últimos dois anos.

"Hoje, tecnologias complicadas de smartphones têm sido cada vez mais a razão para as áreas de sombra, não a rede de operadora", afirma, contundente, a empresa de pesquisa. Ela sugere inclusive que, por conta da grande competição no mercado de handsets, as OEMs estejam lançando aparelhos sem testes ou ainda incompletos, corrigindo depois por atualizações de software. "Um bom exemplo é o novo iPhone 5 que foi lançado com um chipset que supostamente suporta LTE 4G, mas, como milhões de consumidores entenderam, o software não estava pronto para LTE e a Apple disponibilizou uma atualização um mês depois de ter sido lançado ao mercado", afirma a Strand Consult.

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